São Paulo, sábado, 6 de dezembro de 1997
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007 novamente outra vez

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

James Bond vence outra vez. Apesar de todos os percalços de produção, a pré-estréia mundial de "007 - O Amanhã Nunca Morre" (Tomorrow Never Dies) acontece mesmo em Londres na próxima terça, com o filme entrando em cartaz na Grã-Bretanha na sexta.
Uma semana depois, a 18ª aventura oficial de 007 (a 20ª se contarmos "Cassino Royale" e "Nunca Mais Outra Vez") será lançada nos EUA. Por aqui, o novo Bond estréia em janeiro, valorizado por uma visita de Pierce Brosnan ao Rio para divulgar seu segundo filme na pele do agente britânico criado por Ian Fleming.
"O Amanhã Nunca Morre" passa para a história como a mais conturbada das produções da série. O roteiro foi completamente reescrito durante a rodagem. O orçamento estourou: foi de US$ 70 milhões para US$ 90 milhões.
As filmagens estenderam-se de março a setembro, com quatro equipes que cruzaram o mundo: Alemanha, EUA, França, Grã-Bretanha, México e Tailândia.
A tensão nos estúdios e locações parece ter batido de longe a que se criava para a tela. É o que garante o repórter britânico Garth Pearce, que acaba de lançar "The Making of 'Tomorrow Never Dies'" (Boxtree, 12.99 libras).
Não é recomendável convidar para a mesma sala Pierce Brosnan, o diretor Roger Spottiswoode e o roteirista Bruce Feirstein.
O roteiro inicial de Feirstein foi metralhado por Brosnan. Spottiswoode trouxe uma nova equipe, que acabou sendo substituída pelo próprio Feirstein, ocupado com a reescritura no dia-a-dia das filmagens. Tudo para cumprir o prazo de lançamento, previsto em contrato para este mês.
Desastre à vista? Não é o que parece. Pearce teve acesso ao filme e o considerou "excelente". Tampouco poupa elogios a Brosnan, considerando seu Bond em "O Amanhã Nunca Morre" o melhor de todos da série. É ver para crer.
No papel, "O Amanhã Nunca Morre" promete. Esgotado o filão de originais de Ian Fleming, a trama parte de um argumento de Bruce Feirstein. A estrutura é a mesma: Bond combate um arquivilão que põe a paz mundial em jogo, dorme com algumas garotas, fraqueja, quase põe tudo a perder, mas na hora H não decepciona.
O vilão da vez, interpretado por Jonathan Pryce, chama-se Elliot Carver. É um misto entre Ted Turner e Goldfinger, um megaempresário do campo das comunicações que prefere criar notícias a transmiti-las. No caso, a Carver Media Group Network (CMGN), sediada em Hamburgo (Alemanha) e Saigon (Vietnã), catalisa um conflito entre China e Grã-Bretanha.
Bond sai em seu encalço. No caminho, seduz uma professora universitária (Cecile Thompson), uma misteriosa agente chinesa (Michelle Yeoh, estrela do cinema de ação de Hong Kong) e a própria sra. Carver (Teri Hatcher).
O 007 de Brosnan continua priápico, mas aposentou a misoginia. Suas relações com a chefe M (Judi Dench) evoluíram significativamente desde "Goldeneye".
Uma pesadíssima campanha publicitária tentará fazer "O Amanhã Nunca Morre" bater o recorde de US$ 350 milhões conquistado por "Goldeneye".
Preparando o terreno, já está nas lojas americanas o CD do filme. A canção-título é interpretada por Sheryl Crow, k.d. lang contribui com "Surrender" e David Arnold assina a trilha.
As livrarias receberam também o romance escrito por Raymond Benson a partir do roteiro de Bruce Feirstein. Benson consagrou-se como o sucessor oficial de Ian Fleming ao lançar no início do ano o delicioso "Zero Minus Ten".
Para os que não gostarem do filme, não custa esperar: em abril do ano que vem Benson lança seu segundo romance da série Bond, "The Facts of Death".

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