São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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Educação nas empresas

LIA REGINA ABBUD
DA REPORTAGEM LOCAL

Os pré-requisitos para contratação no Brasil ainda estão longe daqueles exigidos pelo mundo globalizado -informática e domínio de inglês, só para citar dois exemplos.
Em muitos casos, mão-de-obra qualificada significa ter o segundo grau completo. Ainda assim, empresas de porte encontram dificuldades para contratar pessoas.
Há quatro anos, a Embraco (empresa do grupo Brasmotor) tentou mudar o perfil de seu quadro de empregados da linha de produção, depois de ter iniciado, dois anos antes, um programa de carreira profissional -treinamento específico para cada área sem relação com escolaridade. Passou a exigir dos candidatos o segundo grau. Mas o tiro saiu pela culatra.
"Muitos candidatos que tinham a qualificação exigida aceitavam o trabalho na fábrica apenas como porta de entrada na empresa, mas logo desistiam porque queriam trabalhar em outras áreas, como a administrativa ou a gerencial", diz Renato Luiz Butzke, 43, gestor de recursos humanos.
Depois da experiência frustrada, a empresa organizou cursos supletivos para o primeiro e o segundo graus. "É melhor e mais barato apostar na formação da mão-de-obra já contratada. Esse sistema diminui a rotatividade e, portanto, economiza em treinamento. Isso sem contar a satisfação do empregado", afirma.
A AGF Seguros também investe em educação. A prática, que já tem dez anos, desencadeou a decisão de só empregar pessoas com segundo grau -exceto para office boys, que devem ter o primeiro grau completo e o comprometimento de continuar os estudos.
"Começamos e continuamos pagando os estudos dos nossos funcionários", diz Gisele Veloso Vettorazzo, 38, diretora de recursos humanos.
Em 1983, 21% dos empregados da AGF tinham nível superior e a produtividade era de US$ 75 mil/ano por pessoa. Três anos mais tarde, a empresa contava com 75% de seu quadro de pessoal com formação superior. A produtividade deu um salto: US$ 588 mil/ano por empregado.
Marco Antônio de Campos, 35, começou a trabalhar na AGF em 1979, como office boy das áreas de recursos humanos e jurídica. Foi promovido a auxiliar de escritório quando terminou o segundo grau.
Uma nova promoção ocorreu quando cursava administração de empresas nas Faculdades Integradas de Guarulhos, em São Paulo.
Campos virou coordenador de administração de pessoal, cargo que ocupa até hoje. "Esse é o melhor benefício que pode ser oferecido e, de certa maneira, prende o funcionário por mais tempo na empresa", diz.
Pouco animador
Os dados sobre educação no Brasil não são animadores. Segundo o MEC (Ministério da Educação e do Desporto), o índice de conclusão do ensino médio (segundo grau), em 95, era de 17,8% em relação ao número de matriculados.
No ensino superior, em 94, 27,8% dos matriculados nas diversas séries concluíram seus cursos (veja quadro ao lado).
O crescimento da população, entre 1980 e 1991, foi de 1,93% ao ano, de acordo com dados do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A educação registrou um número um pouco maior no crescimento de matrículas no ensino fundamental, no mesmo período. O aumento médio anual foi de 2,36%.

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