São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

remédio de gente pode matar animais

DEBORAH GIANNINI

Simples remédios que usamos contra dor de cabeça ou inflamação na garganta podem causar a morte em cães e gatos. Os medicamentos criados para homens não devem ser dados aos animais.
Há duas semanas, o gato Pingo, então com um mês de idade, estava com gripe e foi medicado por sua dona com Cataflam, um antiinflamatório de uso humano. "Dei 1/4 de comprimido, misturado com comida, por três dias. No quarto dia, ele estava vomitando, muito quieto e só queria ficar deitado", conta a proprietária, a estudante Ariane de Oliveira Borba, 16.
Pingo foi levado à clínica veterinária, onde acabou morrendo, no mesmo dia, de gastroenterite hemorrágica.
"Imaginamos que, como o animal se alimenta das mesmas coisas que a gente, ele possui um sistema digestivo parecido com o nosso. Não pensei que o remédio pudesse fazer mal", explica Ariane.
Antiinflamatórios como Cataflam, Voltarem e Tandrilax são proibidos para cachorros e gatos, pois são feitos à base de diclofenato, que causa violentos efeitos colaterais como gastroenterite (vômito e diarréia) e falência renal.
"O quadro grave aparece depois de dois dias em que o animal está tomando o remédio. O óbito não passa do terceiro dia", afirma a veterinária Maria Jandira Menezes da Silva, da clínica Piu-Piu, que atendeu o gato Pingo.
A poodle Lupy, 5, teve mais sorte. Ela sobreviveu a uma superdose do analgésico Lisador, que recebeu de sua dona, a advogada Maria Rebouças, 83, para aliviar uma dor na perna.
"Minha mãe deu 15 gotas, que não é muito. Acontece que a cadela tem 3 kg e o correto seriam 3 gotas", conta a psicóloga Stella Junqueira Rebouças, 44.
Ela conta que, sob o efeito do remédio, Pupy ficou "doidona" (agitada e com as pupilas dilatadas) e depois dormiu três dias seguidos.
Segundo a veterinária Fernanda Abreu, da clínica Puppy Dog, são frequentes os casos de intoxicação por remédio. "É muito difícil para um leigo acertar a dose", diz.
Medicar bichos em casa para abaixar a febre e controlar o vômito, por exemplo, ainda pode dificultar o diagnóstico da doença pelo veterinário.
"Vômito e diarréia são mecanismos de defesa. Na clínica, o animal vai receber medicamento para ficar hidratado até que se descubra a causa", diz Jandira.
Se o cachorro não estiver passando bem, um telefonema ao veterinário é mais seguro do que um comprimido.
"O mais importante de se ter em uma malinha de primeiros socorros é o telefone do veterinário", afirma Fernanda.
Ela orienta que se monte uma caixa de primeiros socorros apenas com medicamentos para assepsia de ferimentos, como água boricada e cicatrizantes.

Texto Anterior: Presentes de Natal
Próximo Texto: terra fértil e povoada
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.