São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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quando a comida é símbolo de afeto

FRANCISCO B. ASSUMPÇÃO JR.

Em uma sociedade onde ser magro é valorizado e estimulado, ter um filho gordo pode ser considerado não apenas desvalorizante para a criança, como também fator de intensa preocupação para os pais.
Inúmeros podem ser os motivos pelos quais uma criança engorda -portanto, o diagnóstico e tratamento da obesidade envolvem muitos fatores que devem ser exaustivamente pesquisados, para que não se cometam enganos, desnecessários e perigosos.
Em primeiro lugar, a obesidade pode ser causada por alterações endócrinas e metabólicas, como disfunções da glândula tireóide. Alguns quadros genéticos também podem ocasionar a obesidade, como as síndromes de Prader Willy e de Laurence-Moon, ligadas ao retardo mental. As causas orgânicas devem ter acompanhamento médico específico.
Mais frequentemente, porém, o aparecimento da obesidade na infância está ligado a problemas psíquicos, como depressão ou ansiedade, ou aos relacionamentos estabelecidos entre a criança e seu ambiente.
Quando a criança está depressiva ou ansiosa, ela pode aumentar a ingestão alimentar e ganhar peso.
Algumas mães, por sua vez, revestem o alimento de um valor simbólico. Elas passam a demonstrar a dedicação e o empenho que têm com seus filhos pela quantidade de alimento que lhes oferecem.
A criança também vai criar um vínculo simbólico com o alimento, e passa a ingeri-lo não para matar a fome, mas para ser cada vez mais aceita pela mãe. Cria-se um círculo vicioso, que acarreta o aparecimento da obesidade e da relação de dependência com o alimento, que estarão presentes em todo o cotidiano da criança.
(FAJr.)

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