São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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'Falta qualidade', diz cineasta

FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Lixo", "porcaria", "utilidade nula" e "pura propaganda" são algumas expressões usadas pelo cineasta e professor de cinema da ECA-USP Carlos Reichenbach, 52, para definir os programas sobre cinema exibidos pelos canais pagos de TV. Para ele, os canais abertos MTV e Cultura têm as melhores produções sobre a área.
"A maioria dos programas registra o cinema descartável, sem importância cultural", afirma. "Quase nenhum mostra a evolução do cinema nos diferentes momentos históricos."
Para Reichenbach, o fator comercial piora a qualidade dos programas de cinema na TV paga. "Na maior parte do tempo, é publicidade descarada."
O cineasta inclusive brinca com o nome da série "Falando de Cinema", do canal pago Fox. "Deveria se chamar 'Falando de Cinema da Fox"', diz.
"Os elogios aos filmes apresentados nesses programas são óbvios. Nenhum poderia fazer críticas isentas, pois são produções da mesma empresa."
Ele destaca, porém, a qualidade dos assuntos exibidos no programa "Multishow em Revista", do canal pago Multishow.
"Tem espaço para a história do cinema e para os clássicos. É um serviço de utilidade cultural."
Reichenbach também elogia o "Cinema com Rubens Ewald Filho", do HBO. "Ele é muito bem informado", diz. Para o cineasta, o canal Bravo Brasil (TVA) também exibe bons especiais sobre o tema.
Na TV aberta, Reichenbach prefere o "Cine MTV". "É feito por gente que conhece e faz cinema. Cobre tudo o que acontece no meio, as produções, os encontros e os festivais."
Reichenbach elogia também o "Revista do Cinema Brasileiro", da Cultura, apesar de o programa, segundo ele, "estar mais voltado para o cinema feito no Rio de Janeiro".
Reichenbach dirigiu filmes como "Anjos do Arrabalde" e "Filme Demência". Atualmente, ele está trabalhando em "Dois Córregos", filme sobre a vida de duas adolescentes no ano de 1969. As filmagens devem começar em fevereiro do ano que vem.

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