São Paulo, segunda-feira, 8 de dezembro de 1997
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Medo de piratas trava expansão do DVD

DAVID LIEBERMAN
DO "USA TODAY"

Em março passado, quando foram lançados os videodiscos digitais (DVDs), os estúdios de Hollywood imaginavam que dentro de alguns meses já saberiam se esse formato atingiria vendas grandes nas férias deste ano. No entanto, as perspectivas do DVD ainda estão tão incertas quanto a imagem de um cinescópio em preto-e-branco.
O DVD é apontado como o sucessor dos CD-ROMs, nos computadores, e dos videocassetes e laser discs, na área de entretenimento. Sua vantagem é a enorme capacidade de armazenamento, que permite a implementação de novos recursos.
Quem vê um filme em DVD, por exemplo, pode escolher entre vários idiomas para as legendas e para os diálogos. Em alguns casos, há chances de ver uma cena de diferentes pontos de vista.
Incertezas
Mas há problemas. Alguns dos fabricantes estão ficando nervosos. Eles temem que as disputas ainda não resolvidas acerca de marketing e tecnologia possam prejudicar uma das mais promissoras oportunidades que Hollywood teve até hoje de reanimar seu setor de filmes em fitas de vídeo, que anda mal das pernas.
O maior problema é que alguns dos estúdios mais importantes ainda se negam a colocar seus filmes nos DVDs, por temer que piratas possam decifrar os códigos utilizados para impedir a pirataria, produzindo cópias perfeitas de filmes em DVD. Segundo informações recebidas, isso já estaria sendo feito na China.
Com base nesse modelo, um relatório da Bernstein Research diz que os estúdios poderiam lucrar até US$ 2 bilhões com as vendas de DVDs no ano 2001, nos EUA.
Essa previsão pressupõe que 15% das famílias americanas terão toca-DVDs e que os consumidores vão adquirir quase 250 milhões de discos.
A firma de banqueiros de investimentos Veronis Suhler faz uma estimativa mais conservadora: só 4,4% das famílias terão toca-DVDs até o ano 2001, e cada família vai comprar 12 discos por ano.
"Com base nas informações que temos, eu diria que os toca-DVDs estão vendendo bem", diz Larry Gerbrandt, da Paul Kagan Associates. "Mas nós nos baseamos nos relatórios da Associação dos Fabricantes de Produtos Eletrônicos para o Consumidor e da Warner Home Video."
A Cema, um grupo comercial, informa que cerca de 149 mil toca-DVDs foram enviados aos varejistas desde março. Estima-se que apenas 45% dessas unidades tenham sido compradas por consumidores. Os preços unitários variam entre US$ 500 e US$ 750.
E, segundo a firma de pesquisas VideoScan, os consumidores compraram cerca de 324 mil filmes em DVD até 24 de agosto. Essa cifra é disputada pela Warner, para quem os consumidores já compraram pelo menos 48% dos DVDs que ela enviou às lojas.
"Estamos muito satisfeitos com o desempenho dos DVDs, levando em conta que nem todos os estúdios embarcaram nesse caminho", diz John Powers, diretor de marketing de DVDs da Warner Home Video.
Concorrência
Mas o DVD ainda não comprovou seu poder de atrair a grande massa dos consumidores. "Algumas das primeiras pesquisas sugerem que 80% das pessoas que compram DVDs também possuem toca-laser discs", diz Ron Rich, editor da "DVD Guide".
Os estúdios e os fabricantes sabem que, para vender DVDs ao grande público, terão que convencer os consumidores de que essa tecnologia vai durar muito mais do que duraram os laser discs.
Mas esse esforço sofreu algumas complicações por causa da falta de um padrão universal. Fabricantes como a Pioneer e a Sony discordam sobre um padrão para a próxima geração de DVDs que possa ser gravada pelos usuários, como fitas cassete.
Além disso, está sendo pesquisado um padrão DVD ainda mais nítido, conhecido como "laser azul", capaz de gerar filmes com a mesma clareza que um televisor de alta definição.
Mas os defensores do DVD não estão esperando a poeira assentar. A Warner está liderando uma nova campanha visando incentivar o interesse dos consumidores por esse formato. Se for bem-sucedida, poderá convencer os estúdios recalcitrantes a entrarem na onda.
Nesta temporada de férias, os fabricantes de software e hardware vão gastar cerca de US$ 50 milhões em publicidade relacionada ao DVD. E, até o final do ano, os estúdios vão aumentar o número de títulos em DVD de cerca de 185 para quase 410.

Tradução de Clara Allain.

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