São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 1997
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Terceirização fecha pelo menos 50 creches

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

A terceirização das creches municipais de São Paulo, intensificada por causa da crise financeira da prefeitura, está forçando entidades a fechar suas portas e tornando ainda mais precário o atendimento às crianças nas creches que insistem em funcionar.
Estimativa da Associação de Movimentos das Entidades Sociais Conveniadas indica que cerca de 50 entidades quebraram apenas este ano, em função do repasse de verba insuficiente e, em geral, com atraso, da prefeitura.
Em 1º de dezembro, 200 crianças da zona sul da cidade ficaram na rua com o fechamento da creche municipal Maria Natividade Machado (da rede indireta) -que tinha um déficit mensal de R$ 5.000.
Nas creches conveniadas que continuam funcionando falta de tudo: comida, produtos para higiene, material didático, além de reformas na maioria das unidades.
A escassez é reflexo da verba destinada às creches conveniadas -que varia de R$ 92 a R$ 129 para cada criança, de acordo com o número de inscritos.
A carência das creches é mais um sintoma da crise no caixa da prefeitura, já que a verba existe no Orçamento previsto para este ano.
Segundo levantamento da vereadora Aldaíza Sposati (PT), a prefeitura gastou até a semana passada apenas 42,1% da verba prevista para o repasse às entidades conveniadas este ano. Em 96, último ano da gestão Paulo Maluf, a verba gasta foi apenas 67,9% da prevista.
O secretário da Fabes (Secretaria Municipal da Família e Bem-Estar Social), Maurício Najar, diz que "não há onde gastar a verba prevista" -R$ 136,7 milhões para este ano (leia texto nesta página).
"A prefeitura está fazendo a política de sucateamento proposital das creches: não mandam material e pagam mal para justificar a terceirização", diz a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de SP, Claudete Alves.
"Não somos contra os convênios, mas a prefeitura está transferindo sua responsabilidade às entidades sem dar meios para um bom atendimento", diz Claudete.

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