São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 1997
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ARMAS FORA-DA-LEI

Além de estar entre os países em que se mais cometem homicídios com armas de fogo, o Brasil também é um dos lugares onde mais pessoas se matam ou se ferem acidentalmente à bala, segundo a ONU.
É com desalento que se recebe mais uma notícia negativa e que se repete, mais uma vez, que a explicação para a má nova é conhecida: a população ainda porta armas demais.
O índice brasileiro de mortes por balas é quase o dobro do norte-americano, e os EUA são um país sabidamente violento; é 900 vezes maior que o japonês, onde é praticamente proibido o porte de armas. O quadro econômico e cultural, é óbvio, contribui para a diferença chocante dos números, mas é óbvio que mais armas aumentam a insegurança geral.
No entanto, vive-se a ilusão de que uma pistola proteja, com certeza, alguém de ataques contra a sua pessoa, a sua família ou o seu patrimônio. Na verdade, segundo estudos da USP, em cerca de 94% dos casos os cidadãos comuns que se defendem de agressões com armas de fogo são feridos ou mesmo mortos. Em outras situações, são apenas dominados, mas também perdem sua arma e municiam, assim, quem os ataca.
Dados recentes da ONU revelam a quanto pode ir o perigo de portar uma arma: morrem a bala, por acidente, cerca de 1.200 pessoas por ano no Brasil. Todos os dias são pelo menos três pessoas, muitas vezes crianças, que disparam contra si, contra amigos ou filhos, sem querer.
O país vem tomando consciência do perigo das armas de fogo. Hoje é crime a posse irregular de armas, e estudantes fazem campanhas de recolhimento delas. É um começo, mas é pouco. Uma solução radical, ainda que sensata, seria a proibição geral do porte de armamento. No entanto, haveria uma grita enorme contra a medida, dada a neurose da violência e o fato evidente de que pouco controle existe do tráfico de armas. Mas é preciso, em primeiro lugar, pelo menos tornar cada vez mais amplas as restrições sobre a venda de armamento; em segundo, mostrar à população que se reprime a traficância vergonhosa e pesada de armas de fogo. Mas o objetivo maior dessa série de medidas deveria ser o fim da permissão de portar armas.

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