São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 1997
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Alô, rabino Sobel! Aguarde-me que eu chego já!

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

O que estará acontecendo com os padres deste "maior país católico do mundo"?
Alô, leitor que está em dia com suas ave-marias e seus pais-nossos e que se esfola para cumprir à risca os dez mandamentos! Você não treme só de ver na TV o padre Lodi espumando contra o aborto?
Ninguém é a favor do aborto e o objetivo desta coluna não é destrinchar o frango.
Trata-se de uma decisão de foro íntimo, que diz respeito única e exclusivamente às interessadas. Igreja e Estado não têm nada que ficar se intrometendo. Ponto.
O que chama a atenção sobre esse clérigo sem filhos e sem útero é a cara de lobisomem que ele faz quando fala de aborto. Brrrrrrrrrr!
Só falta o padre Lodi comprar umas coleirinhas de cachorro para desfilar por aí aqueles filhos de mulheres estupradas que ele exibiu feito troféu no Congresso.
No meu tempo se usava dente de alho ou um chicote bem grosso para lidar com esse tipo de gente.
E o tal padre Francisco de Assis, que deu uns tapões na orelha de uma fiel durante o batizado de 28 crianças na igreja de Ituiutaba, no Estado de Minas? Ainda bem que ele se chama Francisco de Assis. Já imaginou se ele se chamasse Tomás de Torquemada? A esta altura a pobre da fiel já teria sido empalada ao pé do altar.
Mas não são só desequilibrados como o padre Lodi e o padre Francisco que fazem a gente ter vontade de picar a mula e pedir asilo ao rabino Sobel.
Nas últimas duas vezes em que estive na igreja só não levantei e fui, de pirraça, rezar em um templo do bispo Edir Macedo porque as ocasiões eram solenes.
Eu explico: no dia 16 de novembro de 1996, estive na igreja São José, nos Jardins, para assistir à primeira comunhão de um pequeno amigo.
Ignorando todos os avôs presentes, o padre, com ar de deslumbrado, agradeceu "a presença do avô e prefeito Paulo Maluf", que acompanhava a primeira comunhão dos netos.
Há duas semanas, voltei à igreja para festejar as bodas de ouro de meus pais. Pois não é que o padre fez um sermão dizendo que o Natal é uma época de penitência? E a leiga aqui pensando que se tratava de uma época de exultação.
Já sei. Na próxima Sexta-feira Santa, vou montar uma árvore, servir peru e distribuir presentes.

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