São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 1997
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Mãe e crianças são assassinadas em favela

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma menina de um ano e meio foi uma das vítimas da 23ª chacina ocorrida em 1997 na cidade de São Paulo. Ariane Jaqueline Matos da Cruz morreu com oito tiros, a maioria disparados em seu rosto.
Os criminosos também assassinaram a mãe da menina, a costureira Kátia Cilene Costa, 20, com um tiro de espingarda calibre 12. A bala também acertou seu rosto.
A última vítima foi o irmão de Kátia, o estudante Leandro Costa, 8. O menino morreu com oito tiros, todos no rosto.
O crime ocorreu anteontem, às 23h30, na rua Cosme Damião da Costa, na favela Ouro Velho, no Parque Belém (zona norte). A polícia suspeita de vingança feita por traficantes de drogas.
O marido de Kátia, o pedreiro Jacó Matos da Cruz, 23, afirmou à polícia que conseguiu escapar por haver se escondido dentro de um guarda-roupa. Além dele, o menino D.R.B.S., 10, sobrinho de Kátia, sobreviveu. Traumatizado, ele não soube contar o que houve na casa.
"Quando chegou aqui, ele (D.R.B.S.) não falava. Passou algumas horas até que ele começou a falar comigo. Sobre o crime, só diz coisas contraditórias", disse a delegada Elizabete Ferreira Sato, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
Cruz foi preso. Ele fugira do 37º DP em 15 de junho passado e estava sendo procurado sob a acusação de tráfico de drogas. Na casa de Kátia, os policiais afirmaram ter achado uma balança de precisão e três envelopes com crack.
Segundo o depoimento de Cruz, ele e Kátia estavam na cama com as crianças quando chegaram quatro homens. Os assassinos teriam chamado Cruz, que reconheceu as vozes e disse ter se escondido no guarda-roupa. Kátia, com Ariane no colo, foi abrir a porta.
Antes disso, os criminosos dispararam na fechadura e arrombaram a porta da casa. Cruz afirmou ter ouvido a mulher dizer aos assassinos que estava com uma criança no colo, mas eles teriam respondido: "Dane-se".
Em seguida, os disparos. A ação dos matadores foi rápida. Após balear Kátia e as crianças, eles, que estariam encapuzados, fugiram.
Cruz socorreu a menina, e um vizinho, o menino. Mesmo assim, ambos chegaram mortos ao pronto-socorro. Para a polícia, os principais suspeitos são traficantes de drogas que negociavam com Cruz.
Durante as investigações, os policiais do DHPP detiveram um assaltante de banco que estava sendo procurado pela Justiça.
Chacinas
Desde 1º de janeiro até ontem, 80 pessoas morreram em 23 chacinas na cidade de São Paulo -a polícia diz ter esclarecido 15 delas. No mesmo período de 1996, haviam ocorrido 22 caso com 81 mortes.

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