São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 1997
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Cozinha despojada do La Parra não decepciona

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A oferta de cozinha espanhola tem características interessantes em São Paulo. Embora a cidade não tenha uma presença forte de migração da Espanha (que em geral é o que dá substrato aos bons restaurantes de outras nacionalidades), há alguns endereços bastante tradicionais para esse tipo de cozinha. E ainda por cima espalhados pela cidade.
Entre esses estabelecimentos históricos está o La Parra. O nome não é fortuito: o ambiente mais interessante do restaurante fica num pátio interno coberto por uma treliça em que se apóiam parreiras.
Em dias de moderado calor, ali se torna um recanto agradável para tomar copos de sangria gelada enquanto se aguarda a chegada de pratos de frutos do mar.
Seguindo a regra que se aplica aos restaurantes espanhóis (não necessariamente aos franceses e italianos), o La Parra foi fundado por espanhóis, 23 anos atrás.
Em 1977, sempre no mesmo local, ele mudou de mãos: foi comprado pelo catalão Nicolás Serra Arechaga, engenheiro químico que vivia no Brasil desde 1954.
Hoje o restaurante é tocado pela viúva dele, a brasileira Maria da Conceição Serra, e a filha do casal, Ana Serra, 35, responsável pela cozinha do restaurante.
É cativante no La Parra a sensação de estar num local simples, sem afetação, com espírito de restaurante de bairro, uma instituição que toda cidade precisa ter (ninguém vive só de alta cozinha produzida em restaurantes caros de bairros elegantes).
Um clima familiar e descontraído -embora às vezes se reflita numa certa indolência- torna o local especialmente atraente. Ainda mais porque a cozinha, despojada, não decepciona. Às vezes escorrega em pratos simples como lulas à doré, servidas mais duras que o esperado.
Em compensação, a casa não hesita em oferecer especialidades meio banidas do gosto dominante atual, como os callos a la madrilena (dobradinha) ou os rinones (rins) al xerez. As paelhas são feitas dentro da média, na versão dita valenciana (com frutos do mar, frango e pernil) e marinera (só frutos do mar).
Os pescados sempre passam um pouco do ponto (aliás, na maioria dos restaurantes espanhóis daqui), mas o arroz vem com bom tempero.
Uma boa alternativa é o polvo com molho de tomate: esse vem carnudo, no ponto certo.

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