São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
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Planejamento prevê cortes de R$ 3,8 bi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Planejamento, Antonio Kandir, afirmou ontem que o governo anuncia na primeira semana de janeiro cortes estimados em R$ 3,8 bilhões no Orçamento de 98, aprovado anteontem pelo Congresso.
Segundo Kandir, isso cria condições para "baixar rapidamente" as taxas de juros, que praticamente dobraram em novembro em função do crash global das Bolsas e da consequente ameaça de ataque especulativo contra o real.
Avançar com o ajuste fiscal para dar "segurança ao real", de acordo com Kandir, é fazer pelo menos o corte de despesas previsto no pacote anunciado em novembro.
"Não existe a menor hipótese de não fazermos os cortes previstos na edição das medidas", disse Kandir. Segundo o ministro, o corte total será de pelo menos R$ 5,4 bilhões, mas a redução de despesas com pessoal e Previdência não será anunciada na programação divulgada em janeiro.
As despesas cortadas em janeiro deverão obedecer à seguinte proporção: R$ 1,7 bilhões em programas de ação continuada, R$ 500 milhões em investimentos previstos pelo Executivo, R$ 600 milhões em custeio administrativo do governo e cerca de R$ 1 bilhão em emendas de parlamentares.
Kandir explicou que o Planejamento não definirá os cortes, apenas informará aos ministérios o volume da redução de gastos. Cada ministro vai definir os programas atingidos em sua área.
"Cada ministério fará sua programação de acordo com os limites estabelecidos", disse Kandir. "Os cortes serão de responsabilidade dos ministros da área."
O Congresso, segundo Kandir, aumentou em cerca de R$ 1 bilhão a previsão de despesas em 98 sem a indicação da receita a ser usada para cobrir o gasto.
Kandir informou que não vai mudar a proporção adotada pelo Congresso para distribuir os investimentos e o custeio entre os ministérios e programas governamentais e entre os Estados.
Juros
A queda da taxa de juros, de acordo com o ministro do Planejamento, é importante para combater o aumento do desemprego e evitar uma paralisação exagerada da atividade econômica no país, o que implicaria queda de arrecadação e frustração do ajuste fiscal.
Kandir admitiu que as altas taxas de juros tiveram reflexo importante na redução da atividade das montadoras de automóveis que estão demitindo ou com demissão anunciada para 98.
O ministro insistiu que "as condições estão sendo criadas para baixar as taxas de juros". Segundo Kandir, os "solavancos" da crise nos países asiáticos eram esperados e não representam uma situação pior para o Brasil.

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