São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
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Presidente de banco vê 'brisa tranquila' na economia

LUÍS COSTA PINTO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO DE JANEIRO

O presidente do Banco Bozano, Simonsen, Paulo Ferraz, sorriu aliviado ontem ao ver encerrado e bem-sucedido o leilão de privatização da Cosern (Companhia Energética do Rio Grande do Norte).
Para ele, a venda com ágio superior a 70% de uma estatal estadual que há três ou quatro anos não encontraria compradores interessados no mercado é uma brisa tranquila que sopra na direção do Brasil em meio a novos ataques do furacão cambial e das Bolsas de Valores, que vem varrendo as economias de diversos países asiáticos e disseminando medo em relação à estabilidade dos países emergentes.
O Bozano, Simonsen é um dos maiores grupos privados brasileiros com participação constante nos leilões de privatização.
Desde outubro de 91, comprou a Usiminas, a Escelsa, a Copesul, a CST, a IVEN, a Cosipa, a Embraer e o Banco Meridional. Perdeu os leilões da Petroflex, Petroféril e Ultrafértil, todas do setor de fertilizantes.
Nos últimos seis anos, já investiu quase R$ 1,5 bilhão na compra de antigas estatais.
Solidez
"Anteontem os mercados do mundo inteiro piscaram, temerosos, por causa da queda da moeda coreana (won, cujo valor em relação ao dólar caiu 30% em um mês) e em virtude da crise de confiança da economia japonesa. No dia seguinte vendemos uma estatal potiguar para uma ex-estatal da Bahia. Estamos criando nossos próprios mercados aqui dentro. E não havia um só interessado: eram três, disputando palmo a palmo a empresa. Isto nos dá segurança", disse Paulo Ferraz.
Para ele, a presença de três grupos disputando a Cosern prova a solidez do processo brasileiro de privatização e do interesse que a nova fase de privatizações desperta (venda de estatais estaduais de prestação de serviços).
Em outubro de 91, lembra ele, com muita dificuldade dois consórcios privados foram reunidos para a disputa da Usiminas. Hoje, vê tudo diferente.
"Os investidores e empresários, que agora confiam no processo de privatização e participam de maneira acirrada dos leilões, temiam mudanças radicais de orientação na disposição do governo de se desfazer dos seus ativos. Nós não tivemos essa desconfiança, o governo manteve seu programa de privatização, os Estados iniciaram os seus, e estamos gerando riqueza e queimando despesas públicas", afirmou.

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