São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997 |
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Decisão é gravíssima, afirma juiz
SERGIO TORRES
Espírita kardecista, pais de duas crianças, Cardoso considera a decisão que tomará na semana que vem a mais importante de seus cinco anos como magistrado. "Em absoluto a religião vai influir na minha decisão. Sou, antes de tudo, um juiz. Tenho compromisso com as pessoas de Sapucaia e com a menina" , afirmou o juiz. Cardoso pretende decidir sobre o caso na tarde de terça-feira. De manhã, ele deverá receber o laudo dos médicos Francisco Orichio (clínico) e Ana Maria (ginecologista), ambos da região de Sapucaia. Os médicos examinaram M. várias vezes nos últimos 20 dias. A pedido do juiz, eles estão preparando um laudo pormenorizado sobre o estado de saúde da menina. "O que importa é saber se ela tem condições de abortar. De enfrentar essa cirurgia sem risco de vida. De sair bem dela", disse. No laudo, estarão respondidas dez perguntas sobre a saúde de M. formuladas pelo juiz. "Tenho que saber qual o risco. Estou procurando especialistas. O fundamental é saber se ela corre risco de vida fazendo o aborto", disse o juiz, há três anos titular da comarca de Sapucaia. Assim que receber o laudo médico, o juiz pretende se reunir com o promotor de Sapucaia, Emerson Garcia, no fórum da cidade. "O promotor vai dar o parecer do Ministério Público. Eu decido no mesmo dia", disse Cardoso. Na condição de juiz, Cardoso disse que não é favorável à prática de um aborto. "Como juiz sou contra. Agora, tenho a consciência de que, se a criança não fosse da 'classe F' brasileira, a gente não tomaria conhecimento desse assunto", disse. Acusado foragido A divulgação dada ao caso pode resultar em mais dificuldades na localização pela polícia do acusado, o lavrador Roberto Celeste, segundo disse o juiz. "Ele já está sumido. Agora, com essa repercussão, vai ficar mais difícil ainda encontrá-lo. Seria muito bom que ele fosse preso", afirmou. O juiz planeja dedicar o fim-de-semana ao estudo das legislações que tenham relação com a situação enfrentada por M. "É uma decisão gravíssima a que terei que tomar. Devo conjugar a lei penal com o código de defesa das crianças. Estou muito chocado com esse drama", afirmou. (ST) Texto Anterior: Menina ganha boneca Próximo Texto: Para ministro, M. tem direito ao aborto Índice |
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