São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
PM expulsa líderes de protesto por salários
FÁBIA PRATES
A exclusão, decidida pelo Conselho de Disciplina e assinada pelo ex-comandante-geral da PM Antônio Carlos dos Santos, na quinta-feira (último dia do coronel no posto), inclui outros seis nomes. Ao todo, 18 policiais já foram excluídos da corporação, desde junho, por terem participado do movimento grevista. Segundo o relações-públicas do alto comando da PM, major Rômulo Berbert Diniz, outros 538 policiais foram punidos com prisões administrativas. Eles serão obrigados a ficar recolhidos no quartel. A maioria das prisões vai durar 48 horas, segundo a PM. Além das punições administrativas, aplicadas aos manifestantes que na opinião do comando da PM cometeram atos de indisciplina, quebra de hierarquia e desrespeito ao regulamento interno, os policiais grevistas estão sujeitos também a punições penais. O comando da PM já encaminhou à Justiça Militar o resultado de 27 IPMs (Inquéritos Policiais Militares), com indiciamento de 826 policiais. Outros 12 IPMs estão sendo analisados e um está em andamento. Segundo Diniz, a exclusão dos líderes não é retaliação. "Foi tudo feito dentro da lei." O governador Eduardo Azeredo (PSDB), segundo sua assessoria de imprensa, disse que a decisão de exclusão foi tomada depois de muita reflexão. "Tudo foi feito dentro dos aspectos democráticos e da disciplina militar. A PM é uma atividade voluntária e participa dela quem está disposto a obedecer os seus princípios", afirmou. Reação Os líderes expulsos vão recorrer à Justiça para tentar reverter a decisão do comando da PM. Segundo o cabo Júlio César Gomes, eles foram reconhecidos pelo comando como negociadores, e houve acordo para não haver retaliações ou perseguições. "O movimento aconteceu não por culpa nossa. Fomos apenas um elo de ligação entre o comando e os manifestantes", disse. Segundo ele, as exclusões podem gerar uma revolta maior entre os policiais. "A única coisa que nós fizemos foi mostrar que o policial estava passando fome", disse ele. Para Washington Rodrigues, o fato de o anúncio da exclusão dos líderes ter acontecido um dia depois da troca do comando da PM em Minas é "covardia". Segundo ele, o ex-comandante agiu assim por temer a reação da tropa. O comandante assinou as exclusões no mesmo dia em que foi substituído pelo coronel Márcio Lopes Porto. Texto Anterior: Feira da República vai para a João Mendes; 4 santas casas pedem desligamento do SUS; Solo sob edifício que desabou é arenoso Próximo Texto: Greve iniciou revolta no país Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |