São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
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Volks já tem pronta a lista de demissão

CLAUDIA VARELLA
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

O diretor de Recursos Humanos da Volkswagen, Fernando Tadeu Perez, disse ontem que os nomes dos 10 mil metalúrgicos que poderão ser demitidos já está pronta.
No entanto, a empresa acredita que até o final do mês será firmado com o sindicato da categoria um acordo para evitar as demissões em massa.
"Acho que vamos encontrar uma alternativa e firmar um acordo para não demitir ninguém. Nas próximas reuniões vamos caminhar mais um pouco para acharmos essa saída."
A próxima reunião entre a Volks e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT) será na próxima terça-feira, às 15h.
Segundo Perez, o prazo para o fim das negociações é até o final de dezembro. "Queremos começar janeiro com vida nova."
O presidente do sindicato, Luiz Marinho, disse acreditar que na próxima semana será possível dar uma definição sobre os rumos das negociações.
"Não quero negociar com a empresa quando os trabalhadores estiverem em férias. Na próxima semana, espero ter uma definição, nem que seja a de jogar as negociações para janeiro", disse.
Os trabalhadores da Volks entram em férias coletivas no dia 22 de dezembro e voltam dia 5 de janeiro.
Apresentada na semana passada, a proposta da montadora prevê redução de 20% da jornada de trabalho e de 20% nos rendimentos anuais de seus funcionários para evitar a demissão de 10 mil metalúrgicos.
O sindicato propõe ampliação da flexibilização da jornada de trabalho, com banco de horas, e uma mobilidade entre os metalúrgicos dos setores, dentro de uma plano de férias dos trabalhadores.
Pela proposta da flexibilização da jornada, os metalúrgicos da Volks trabalhariam agora quatro dias por semana (32 horas semanais) e, com a retomada da economia, se comprometeriam a trabalhar seis dias por semana (48 horas por semana). Nas duas situações, o salário não seria alterado.
"Essa alternativa só resolve o problema em relação à redução da jornada, mas não o de caixa. Diante da previsão de 30% de queda nas vendas e, consequentemente, 30% a menos de receita para empresa, o gasto com os funcionários seria o mesmo", disse Perez.
Segundo o diretor da Volks, a folha de pagamento da Volks é de R$ 1,1 bilhão por ano, sem contar os benefícios, como o PLR (Participação nos Lucros e Resultados), assistência médica, alimentação, horas extras e transporte. Com os benefícios, a folha passa a R$ 1,3 bilhão.
"É lógico que, na própria negociação com o sindicato, será acertada uma garantia de emprego", afirmou. Na hipótese de o mercado cair mais 30%, Perez disse que Volks e sindicato voltariam a negociar.
Já Luiz Marinho disse que a garantia de estabilidade para os metalúrgicos não é a essência.
"O que dá estabilidade é a retomada da produção, que passa por mudanças na macroeconomia. E isso cabe ao governo."
Scania
A Scania, líder na produção de caminhões pesados no país, conclui neste ano um programa de investimentos de US$ 300 milhões, iniciado em 94, com o objetivo de lançar em 98 uma nova série de caminhões, o modelo 114.
"Vamos manter o prazo previsto para o lançamento do novo modelo, que será apresentado ao mercado brasileiro no decorrer do primeiro semestre de 1998", afirmou ontem Hans Hedlund, presidente da Scania Latin America.
A Scania detém cerca de 39% do mercado de caminhões pesados. As vendas da montadora em novembro atingiram 517 unidades, 26% abaixo de outubro, quando totalizaram 700 unidades.
A queda nas vendas não assusta a empresa. Conforme Hedlund, a Scania já previa vender menos neste final de ano, em função da readequação de sua fábrica ao novo modelo. "Estamos num período de transição", disse Hedlund.

Colaborou a Reportagem Local

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