São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
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Socorro à Coréia é insuficiente, avalia G-7

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LUXEMBURGO

O G-7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo, vai mergulhar, já no início do ano, em conversações sobre a crise asiática e seus potenciais efeitos sobre o resto do planeta.
O anúncio foi feito ontem pelo ministro alemão de Finanças, Theo Waigel, ao chegar a Luxemburgo para participar da cúpula de fim de ano da União Européia.
Na prática, aliás, as conversações a respeito começam na próxima semana, durante visita que Waigel fará aos Estados Unidos.
Aproveitará a ocasião para se avistar não apenas com as autoridades norte-americanas mas também com o diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Michel Camdessus, e com o presidente do Fed (o banco central norte-americano), Alan Greenspan.
"A situação nos mercados financeiros internacionais estará no centro das conversações políticas, especialmente a asiática", anunciou Waigel.
É, na prática, a primeira confirmação concreta de que o mundo desenvolvido começa a dar por certo que o pacote de ajuda à Coréia, armado pelo FMI, com respaldo norte-americano e japonês, não será suficiente para pôr fim à crise.
O pacote preparado pelo FMI prevê que serão destinados até US$ 60 bilhões para tentar socorrer a economia coreana.
O ministro alemão conta que os assessores dos governos do G-7 já estão analisando a situação, para levar a seus chefes as primeiras observações em fevereiro, quando ocorre a reunião de rotina dos ministros de Economia e Finanças dos sete grandes.
Tópico
A cúpula do G-7 em 1998 será em maio, em Birmingham (Reino Unido) e a situação financeira global será certamente um tópico, antecipa Waigel.
Aliás, vem sendo desde a cúpula de 1995, realizada em Halifax (Canadá), ainda sob o impacto da crise mexicana, que eclodira em dezembro do ano anterior.
Naquele ano, os governantes do G-7 sugeriram ao FMI que estudasse algumas idéias para prevenir eventuais novas crises.
O FMI, de fato, acabou por montar um sistema de acompanhamento (batizado de "early warning", aviso antecipado) da situação financeira de seus países-membros.
Além disso, aumentou o capital disponível para intervenções do tipo da que está sendo feita agora com os países asiáticos.
Segurança
Não obstante, ao encerrar a cúpula do G-7 do ano seguinte, o presidente Jacques Chirac, anfitrião da reunião, defendeu a criação de "barreiras de segurança" para enfrentar os "perigos consideráveis" que via na globalização.
Por fim, na cúpula deste ano (Denver, EUA), voltou-se ao tema.
"Uma crise em um país ou em instituição financeira que tenha atividade global pode produzir consequências sistêmicas muito mais rapidamente do que se poderia imaginar uma década atrás", dizia então Daniel Tarullo, o assessor especial do presidente Clinton para o G-7.
Menos de seis meses depois, a frase de Tarullo virava realidade com a tempestade que assola os países asiáticos.
Desta vez, no entanto, o problema é algo mais complicado do que o provocado pelo tufão anterior, o do México.
Está em jogo a 11ª economia do mundo, a da Coréia. Pior: tende a ter reflexos na segunda potência do planeta, o Japão.
"O que está acontecendo na Coréia é uma crise no setor financeiro e a inquietação vem do fato de que os bancos japoneses têm uma grande exposição nesse setor", diz, por exemplo, Susumu Takahashi, gerente-geral do Instituto de Pesquisa do Japão.
É uma alusão ao fato de que os bancos japoneses fizeram volumosos empréstimos a bancos coreanos, que estão encontrando sérias dificuldades para pagá-los.

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