São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
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Incerteza com eleição presidencial agrava crise

OSCAR PILAGALLO
DO ENVIADO ESPECIAL A SEUL

A proximidade da eleição presidencial na Coréia do Sul, que será disputada na próxima quinta-feira, potencializa a instabilidade dos mercados financeiros.
Sem saber quem será presidente a partir do início de 1998 -há um intervalo de três meses até a posse do eleito-, os investidores estrangeiros temem que o acordo com o FMI, acertado no início do mês, não seja cumprido.
Em clima de campanha, mesmo os candidatos que apoiaram o acordo fazem ressalvas para não afugentar os eleitores.
Pesquisa publicada ontem pelo jornal "The Korea Herald" indica que 70% da população é contra as medidas impostas pelo FMI em troca de ter liderado um pacote de ajuda de US$ 57 bilhões. A interferência do FMI é percebida como humilhação ao orgulho nacional.
A oposição, cujo candidato é o favorito Kim Dae Jung, publicou nos jornais anúncio em que menciona os pontos do acordo que renegociaria com o FMI.
Um deles está relacionado à probabilidade de demissões em massa. O FMI recomendou que, para começar a colocar a casa em ordem, o governo reduza pela metade a projeção de crescimento para o próximo ano, que era de 6%.
Com o agravamento da crise, no entanto, analistas já trabalham com expectativa inferior aos 3% de expansão exigidos pelo Fundo.
Além de ser muito pouco, para um país que nas últimas três décadas se acostumou com crescimento anual médio de 8%, o fraco desempenho poderá colocar cerca de 1 milhão de trabalhadores na rua.
Essa perspectiva dimensiona o ônus político que significa, para um candidato, apoiar integralmente o acordo com o FMI.

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