São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
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Reservas recuam para US$ 51,1 bilhões

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As reservas em moeda estrangeira do Banco Central caíram US$ 1,678 bilhão em novembro, no segundo mês consecutivo de baixa desde o crash global, e o déficit das contas externas voltou a crescer, rompendo um período de dois meses de estabilidade.
Principal indicador das contas externas do país, o déficit em transações correntes atingiu US$ 34,412 bilhões ou 4,43% do PIB (Produto Interno Bruto, total das riquezas produzidas no país em um ano) em novembro, no resultado acumulado em 12 meses. Nos dois meses anteriores, o déficit havia ficado em 4,31% do produto.
As reservas internacionais fecharam em US$ 51,174 bilhões em novembro, contra US$ 52,852 bilhões no mês anterior, pelo conceito de caixa, que inclui o dinheiro prontamente disponível.
Assim, a perda de moeda estrangeira atinge US$ 9,987 bilhões desde o auge da crise do mercado financeiro, no fim de outubro.
A queda nas reservas em novembro se explica, em parte, pelo mau desempenho das contas externas. O Brasil gastou mais do que recebeu em suas principais transações com outros países. Também se explica pela fuga de investimentos estrangeiros no país.
O item que mais pesou para o crescimento do déficit em transações correntes em novembro foi a remessa de lucros e dividendos, que ficou em US$ 825 milhões em novembro, contra US$ 281 milhões no mesmo mês de 1996.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse que as empresas anteciparam remessas que normalmente fazem em dezembro. "A remessa seguramente será menor neste mês."
Em novembro, o Brasil gastou US$ 3,333 bilhões acima do que recebeu nas suas principais transações com outros países. Isso significa crescimento de 44% em relação ao mesmo mês de 96 (déficit de US$ 2,308 bilhões).
Entre essas transações estão a balança comercial (importações menos exportações), os serviços (juros, turismo, lucros etc.) e as transferências unilaterais (dólares remetidos ao país por residentes no exterior e vice-versa).
Também houve aumento de 62,25% nos gastos com juros, que saltaram de US$ 400 milhões, em novembro de 1996, para US$ 649 milhões, em novembro de 1997.
Com receio de uma desvalorização do real, ou para cobrir prejuízos em outros países, os investidores estrangeiros repatriaram investimentos em novembro.
A maior parte do dinheiro, US$ 3,788 bilhões, deixou o país pelas contas CC5, mantidas por não-residentes no país. Outro US$ 1,260 bilhão saiu pelo mercado livre de dólar, no segmento que opera com recursos de Bolsas.
Essa perda foi atenuada, em parte, porque os bancos revenderam ao BC dólares que haviam comprado no princípio de pânico desencadeado pelo crash global.
Só em novembro, os bancos haviam comprado e mantido em caixa US$ 3,267 bilhões, para se proteger -ou lucrar- com uma possível desvalorização do real.
Passado o nervosismo, em novembro, os bancos revenderam US$ 3,678 bilhões ao BC -ou seja, o total comprado em outubro mais dólares adquiridos antes.
O impacto nas reservas também foi atenuado porque empresas anteciparam contratos de financiamento de exportação e adiaram importações, com o objetivo de aplicar os recursos no mercado interno, que paga juros mais altos.

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