São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sínodo da América 4

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Ontem, 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina, realizou-se a solene concelebração eucarística, presidida pelo papa João Paulo 2º, na basílica de São Pedro, em Roma, ato conclusivo do Sínodo da América. Na véspera foram votadas as 76 proposições, cujo texto servirá para elaborar a Exortação Apostólica que o santo padre, segundo o costume, enviará dentro de alguns meses às comunidades.
A "Mensagem ao Povo de Deus", aprovada em plenário, levará às comunidades a informação sobre o primeiro Sínodo da América.
A mensagem começa com um ato de fé: "Jesus Cristo é senhor" (Fl 2,11). É por intermédio do encontro com Jesus, redentor do mundo, que somos levados à conversão dos pecados, à comunhão com Deus e o próximo e à solidariedade, principalmente em favor dos mais necessitados.
1) São causa de alegria para a Igreja e merecem especial saudação: as famílias fiéis à vocação cristã na defesa da vida e educação dos filhos; os leigos e leigas que se dedicam a transformar o mundo com os valores do Evangelho; os idosos e doentes que contribuem com a oração e a oferta da vida. A saudação se estende às mulheres pela notável contribuição de amor às crianças e aos jovens que tanto cooperam com o seu idealismo e o anseio de construir um mundo. Segue-se uma palavra de afeto aos irmãos bispos, aos sacerdotes, aos diáconos permanentes e aos consagrados e consagradas de vida contemplativa e ativa.
Motivo de alegria é, ainda, a vitalidade de tantas paróquias e das abençoadas pequenas comunidades e o testemunho dos mártires que derramaram o seu sangue por Jesus Cristo.
2) Entre as preocupações da Igreja na América são lembradas as dificuldades das famílias. Muitas são vítimas da miséria e a outras faltam os valores da vida cristã. Os jovens pobres são privados de construir uma família. Os menores de rua sofrem o que jamais deveria acontecer: abandono, maus-tratos, exploração, aliciamento ao crime. É dura a condição dos imigrantes, dos desempregados, dos que sofrem discriminação e hostilidades. Cresce o número dos que vivem sozinhos, doentes, idosos. O grito dos pobres clama por justiça. A dignidade da pessoa é desrespeitada pelo crime do aborto, pelo abandono das crianças e pela ameaça dos povos indígenas. Acrescenta-se o mal da violência, do tráfico das drogas, do comércio das armas e da corrupção política. As nações precisam ser aliviadas do peso da dívida externa e interna. Segue-se o apelo aos dirigentes dos países para que procurem -com os pobres- soluções adequadas.
3) O primeiro desafio da Igreja é o apelo à santidade, à coerência entre fé e vida. Só pelo testemunho será possível evangelizar os que abandonaram a fé e os que não crêem em Deus. Permanece o desafio das vocações sacerdotais e consagradas e da dimensão missionária da Igreja, da inculturação e do uso dos meios de comunicação a serviço do evangelho.
A mensagem de vida e esperança termina convocando a todos para promover o reino de Deus. Insiste na crescente cooperação entre dioceses, comunidades, na partilha como sinal de solidariedade num mundo sem guerra, na concórdia e na paz. Reafirma a confiança na presença de Jesus Cristo ressuscitado e na intercessão de Maria, mãe e rainha da nova evangelização.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

Texto Anterior: O AI-5 visto pelo meu umbigo
Próximo Texto: Falsa dicotomia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.