São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC diz que a queda nos juros depende da situação internacional

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem no Rio que os juros "certamente" vão cair, mas não disse quando. "Por mim, já teriam caído", afirmou.
FHC disse que "ninguém sobe os juros por prazer". Ele relacionou a alta de juros e sua possível queda à análise da situação internacional e afirmou que, por causa disso, não anteciparia prazos.
"Não quero me antecipar porque, na semana passada, de repente, a situação na Coréia se agravou. Espero que isso já tenha sido absorvido, nós não temos nada com essa situação", afirmou o presidente, na solenidade de formatura de 175 guardas-marinha, na Escola Naval do Rio de Janeiro.
Na sexta-feira passada, o presidente afirmou ao jornal "O Estado de Minas" que já na próxima semana será possível reduzir um pouco as taxas de juros.
Na avaliação de FHC, "o mundo está percebendo que a situação econômica do Brasil é mais sólida". "O fluxo de recursos continua chegando ao Brasil, e, havendo isso, os juros caem", disse.
O presidente afirmou que não interferirá diretamente na negociação entre montadoras e sindicatos, porque, segundo ele, os trabalhadores sempre defenderam que não houvesse interferência.
A forma de interferência do governo, disse o presidente, é na criação de condições de investimento no país. FHC afirmou, porém, que já fez um apelo às montadoras para que não demitam funcionários na primeira dificuldade.
"Eu já fiz um apelo às montadoras, que tiveram muitos benefícios com os programas especiais, e elas já estão atendendo, para não começarem a dispensar nas primeiras dificuldades. Acredito que elas vão atender isso", disse.
FHC disse que são as mudanças tecnológicas no sistema produtivo, especialmente nas indústrias, os fatores geradores do desemprego. "'Aqui nós não confundimos alhos com bugalhos. Não é o governo que gera desemprego."
Entre as medidas para combater o desemprego, FHC citou o treinamento de trabalhadores e a criação de condições especiais no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para atender indústrias.
"Acho que nós temos que ter um pensamento otimista, temos que criar condições para que 98 seja ainda melhor do que 97. É nisso que eu estou empenhado", disse.
Informado das declarações de João Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, pregando invasões a bancos, FHC riu. "Tenha paciência."

Texto Anterior: Manifesto pelo novo pensamento
Próximo Texto: Banco alemão desaconselha máxi do real e prevê estagnação em 98
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.