São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 1997
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Irã muda retórica e propõe diálogo aos EUA

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente do Irã, Mohammed Khatami, sugeriu ontem em Teerã um diálogo entre o seu país e os Estados Unidos, no mais ousado gesto de reaproximação com Washington desde a Revolução Islâmica de 1979.
Distante da costumeira retórica anti-americana dos últimos anos, Khatami manifestou "respeito ao povo dos Estados Unidos e seu governante."
"Aproveito a oportunidade para declarar meus respeitos ao grande povo norte-americano e espero dialogar com os EUA em um futuro próximo", disse Khatami, que venceu as eleições presidenciais em maio.
O presidente não especificou de que maneira esse diálogo ocorreria, mas afirmou desejar manter uma "conversação histórica com o povo norte-americano".
As relações diplomáticas entre os dois países estão rompidas desde a Revolução Islâmica de 1979, dirigida pelo aiatolá (líder religioso) Khomeini.
Khatami foi o primeiro líder iraniano em anos a não se referir aos EUA como o "grande Satã" ou "potência arrogante". Essas expressões ainda frequentam os discursos do aiatolá Ali Khamenei, o principal líder religioso do país.
Khamenei é tido como principal liderança dos setores conservadores do clero iraniano, que desconfiam das propostas de Khatami, de abertura do regime.
Khatami afirmou ainda que "o governo dos EUA foi eleito pelo povo. E nós respeitamos as escolhas feitas pelo povo".
Khatami disse: "No tempo apropriado, levarei minhas palavras ao povo norte-americano. Espero um diálogo produtivo, e por meio desse diálogo, chegar à paz, segurança e tranquilidade".
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que visitou Teerã na última semana, disse no sábado que poderia ajudar o Irã e os EUA nesse desejo de "entendimento".

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