São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 1997
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Hotel guarda história e lendas de Coimbra

EDNEY CELICE DIAS

em Coimbra
Um domingo ensolarado às margens plácidas do Mondego, em Coimbra. Cruze a ponte de Santa Clara em direção aos mosteiros. Ao passar pelo de Santa Clara-a-Velha, tome o caminho à esquerda em direção à Quinta das Lágrimas. Vai-se a pé.
O primeiro aviso de que se está próximo do destino são aromas. Magnólia? Flor de laranjeira? Os odores da quinta se misturam, ora mais doces, ora mais cítricos.
Uma alameda ladeada de árvores leva ao palácio, hoje transformado em hotel. A quinta é repleta de histórias, paz e cordialidade.
Reza a lenda que o local foi cenário dos amores de d. Pedro 1º de Portugal e de dona Inês de Castro, que de fato se hospedava no mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Um curso d'água batizado Fonte dos Amores, que nasce na quinta e acaba no mosteiro, teria servido para Pedro enviar suas cartas à amada. Inês teria sido assassinada na quinta, perto de outro veio d'água, de nome Fonte das Lágrimas.
Quem passeia pelos bosques e jardins do local logo nota que se trata de uma reserva botânica tratada com esmero. Araucárias, nogueiras, palmeiras que minha terra tem (o poeta Gonçalves Dias estudou em Coimbra), figueiras, plátanos, sequóias supostamente plantadas pelo duque de Wellington (1769-1852), um frequentador da quinta que, entre outros títulos, tinha os de marquês de Torres Vedras e visconde do Vimieiro.
Eventualmente, pode-se encontrar o chefe de cozinha da quinta, Pereirinha, e seu ajudante Ricardo, vestidos com uniformes impecavelmente brancos, colhendo ervas que irão utilizar nos pratos oferecidos aos hóspedes. Parecem procurar atentos pelo melhor ramo que há de enriquecer ainda mais a culinária portuguesa.
Uma visita à quinta talvez ajude a apurar os sentidos, atiçar a imaginação, arejar a mente. Posto isso, cruze de volta o rio Mondego e entregue-se aos encantos de uma Coimbra que, pelos laços históricos, insinua ser também dos brasileiros.

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