São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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Rede Carrefour compra 50% do Eldorado

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A rede francesa Carrefour adquiriu, neste final de semana, 50% da Sociedade Eldorado, de João Alves Veríssimo Sobrinho. Ontem, 51% das ações do Sé foram vendidas para o grupo português Gerônimo Martins.
O valor do negócio entre o Carrefour e o Eldorado é estimado entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões e envolve apenas os oito hipermercados da marca -sete no Estado de São Paulo e um em Campo Grande (MS). O shopping Eldorado não entrou no negócio.
Na virada no ano, a rede passará a ser administrada pelo Carrefour. Edmir Elias Albino, que era diretor-regional da rede na região de Brasília, assume a diretoria geral do Eldorado.
Os antigos donos do Eldorado ficarão apenas no Conselho de Administração do Eldorado, fora do dia-a-dia da rede. João Alves Veríssimo Sobrinho será o presidente do conselho, que terá seis membros -três de cada grupo.
Os oito hipermercados terão, num primeiro momento, os dois nomes da fachada.
A venda de 50% da Sociedade Eldorado não surpreendeu o mercado. Havia pelo menos um ano, Veríssimo Sobrinho estava procurando um parceiro capaz de injetar dinheiro nos hipermercados e modernizá-los.
A disputa pelo controle do hipermercado travada pelos herdeiros do empresário João Alves Veríssimo e concluída no final de 1995 teria afetado o processo de modernização dos hipermercados.
No final deste ano, o Eldorado deve, inclusive, exibir um faturamento um pouco menor do que os R$ 499 milhões de 1996.
A negociação com possíveis sócios data, pelo menos, do início deste ano, quando o Eldorado conversava com a rede portuguesa Sonae, que hoje inclui o supermercado Real. O negócio não deu certo, entre outros motivos, porque os portugueses queriam participação de, pelo menos, 51% na rede.
Depois disso, o Eldorado continuou aberto a novos sócios e dialogando com possíveis pretendentes da área de varejo. A negociação com o Carrefour durou pelo menos quatro meses.
Há três semanas, Veríssimo Sobrinho foi à França alinhavar os pontos finais do acordo, anunciado ontem.
Com a conclusão do negócio, o Carrefour consolida sua posição de liderança no ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e se distancia do vice-líder Pão de Açúcar, que teve vendas líquidas de R$ 3 bilhões no ano passado. O faturamento do Carrefour ficou em R$ 5,6 bilhões.
O Carrefour fecha o ano com 49 lojas no Brasil -o Pão de Açúcar tem 240, entre supermercados e hipermercados.
Na década, a rede francesa tem mantido a média de inaugurar entre cinco e seis lojas por ano. Com a compra, adquire parceria em oito lojas num só lance.
No mercado, aliás, a especulação é que a parceria seja de médio prazo -de dois a quatro anos. Depois desse período, o Carrefour compraria a totalidade dos hipermercados Eldorado.
Comprando as lojas, o Carrefour também breca o avanço de seus concorrentes. Segundo analistas de mercado, a localização do hipermercado Eldorado na avenida Rebouças (zona sudoeste da cidade) e no shopping Center Norte (zona norte) poderia ser estratégica para seus concorrentes na Grande São Paulo.
Ganhar participação de mercado por meio da incorporação de empresas é, ainda, uma forte tendência no setor de varejo.
"O mercado deve presenciar outras mudanças de controle acionário das redes de varejo", afirma Omar Assaf, presidente da Associação Paulista de Supermercados.
Segundo ele, novas redes estrangeiras devem começar a investir no país. "O Brasil tem um mercado consumidor atrativo, que ganhou importância com a estabilidade econômica", afirma Assaf.

O tradicional grupo português Gerônimo Martins anunciou ontem a compra de 51% do Sé Supermercados. O valor da transação não foi divulgado pelas empresas. A compra inclui também as cinco lojas do Supermercados São Jorge, adquiridas em novembro pelo Sé.
A transação chama a atenção porque o Sé foi comprado, em abril deste ano, pelo Garantia -que tem a administração das Lojas Americanas. Na época, o valor da transação não foi divulgado.
No mercado, a informação é que o Garantia vendeu 51% da rede de supermercados para fazer caixa depois de perder dinheiro com a queda das Bolsas de Valores.

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