São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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Servente não aceita salário mais baixo

Rendimento não passa de R$ 300 por mês

DA REPORTAGEM LOCAL

Se já é difícil convencer um metalúrgico a ganhar menos para garantir o emprego, na construção civil ainda é pior.
Os salários dos trabalhadores menos qualificados são mais baixos do que na indústria e o trabalho exercido normalmente é mais pesado.
"Os salários na construção civil são mais baixos, a diferença para o metalúrgico é muito grande", reconhece o servente de obra Antônio Chagas.
Com 46 anos, o servente trabalha na construção civil há apenas seis meses e ganha R$ 300 por mês. Ele sabe do que fala quando compara seu salário atual com o de um metalúrgico.
Vindo do Nordeste em 1970, Chagas arrumou seu primeiro emprego em São Paulo como metalúrgico, em 1971.
Ele exerceu a profissão até 1980, quando foi demitido da fábrica em que trabalhava.
Depois desta primeira experiência, trabalhou em uma transportadora até o ano passado, quando foi demitido novamente.
Na construção civil, sua rotina de trabalha começa às 7h e vai até às 17h, de segunda-feira até sexta.
Segundo Chagas, só trabalha na construção civil quem não arruma emprego em mais nada.
"Banco de horas também não compensa; quem leva prejuízo sempre somos nós", disse.
Trabalhar na construção civil, segundo o servente, além de pesado é uma incerteza. "Não sei se a obra vai acabar, porque às vezes a construção pára, a equipe é reduzida e depois começa a construir de novo", afirma.
No entanto, reconhece o servente, "não é fácil arrumar emprego nesta cidade, ainda mais na minha idade". "Se o patrão falar que vamos ter que reduzir salário, não tem jeito", disse.

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