São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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Entenda o Frangogate

A licitação
Em fevereiro de 96, a Prefeitura de São Paulo realiza uma licitação para o fornecimento de cortes congelados de coxa para escolas municipais
Quem vence é a Frigobrás, do grupo Sadia, que ofereceu o frango a R$ 1,66/kg. Em maio, a empresa pede aumento de preço, alegando encarecimento da ração usada para alimentar as aves
O pedido é negado, e o contrato, rompido. A prefeitura determina que o fornecimento passará a ser feito pela A D'Oro, que havia ficado em segundo na licitação, ao propor o preço de R$ 1,73/kg
A troca da Sadia pela A D'Oro ocorre sem uma nova licitação
Neste ano, o vereador Carlos Neder (PT) pediu para o Ministério Público apurar o caso, suspeitando que haveria favorecimento às empresas da mulher e do cunhado de Maluf na operação

823 mil kg
de frango foram fornecidos pela A D'Oro de agosto de 96 a junho de 97

R$ 1,4 mi
foi o que a empresa recebeu nesse período pelo serviço

Ligações íntimas
. A D'Oro/Obelisco/Família Maluf
A A D'Oro pertence a Fuad Lutfalla, irmão de Sylvia Maluf, mulher do então prefeito Paulo Maluf (PPB). A A D'Oro comprava frangos vivos da Obelisco, empresa pertencente a Sylvia e sua filha Lígia. Em agosto, ao depor sobre o caso, Maluf disse que a Obelisco dava prejuízo, havia sido fechada "havia três meses" e só não falira antes porque ele ajudava sua mulher a administrá-la
. A D'Oro/Família Pitta
Em 1994, a primeira-dama Nicéa Pitta trabalhou durante quatro meses na A D'Oro; segundo seu marido, o prefeito Celso Pitta (PPB), foi um estágio não remunerado. Em março deste ano, Nicéa diz que juntou dinheiro para comprar um Vectra "vendendo frangos para restaurantes finos". Em julho, o gerente de vendas da A D'Oro, Jainel Buzzo, afirma que Nicéa "não sabia onde ficava a cabeça do frango"
. A D'Oro/AIM/Sadia
A AIM representou a Sadia na licitação realizada em fevereiro de 96 e em anos anteriores. Em 96, representou também a A D'Oro, que assumiu o fornecimento após a saída da Sadia

As investigações
. Ministério Público
Em abril, o Ministério Público abriu uma investigação sobre o caso. Em outubro, divulga um relatório com a conclusão de que houve irregularidades na licitação e formação de um esquema para beneficiar a Obelisco. Foi pedida a citação de Maluf e outros envolvidos, entre os quais a A D'Oro, a Obelisco e a AIM (empresa que representou tanto a Frigobrás quanto a A D'Oro em licitações realizadas pela prefeitura)
. Ação contra Maluf
Em novembro, o Ministério Público Estadual deu entrada a uma ação pedindo a suspensão dos direitos políticos de Maluf; a ação está na Justiça
. O inquérito criminal
No dia 2 de dezembro, é iniciado o inquérito policial sobre o caso. O inquérito foi suspenso na semana passada
. Receita Federal
A Receita investiga investiga se está sendo lavado dinheiro no Uruguai por meio de uma sociedade que a A D'Oro possui uma empresa uruguaia, a Inversora Rineos

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