São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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Brasil é 110º em mortalidade infantil

DA SUCURSAL DO RIO

A situação da infância no Brasil melhorou do ano passado para cá, segundo relatório anual do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) divulgado ontem no Rio de Janeiro, mas o país ainda está longe de fazer um bom papel no ranking. Entre 189 países, o Brasil ocupa a 110ª posição.
O relatório "Situação Mundial da Infância 98" classifica a qualidade de vida das crianças nos países de acordo com o número de crianças que morrem antes de completar 5 anos de idade, em cada mil nascidos vivos.
No Brasil, essa taxa caiu de 60, no ano passado, para 52, no relatório deste ano. Com isso, o país ultrapassou Peru (58 mortos por mil nascidos), Nicarágua (57), República Dominicana (56) e Egito (78).
Por outro lado, foi ultrapassado pela Argélia (39) e continua atrás de Vietnã (44), El Salvador (40), Paraguai (34), Argentina (25), Cuba (10) e Estados Unidos (8).
Lideram o ranking Suécia, Cingapura e Finlândia (4). Os últimos foram Angola (292) e Níger (320).
Segundo o relatório do Unicef, a desnutrição está associada a mais de 50% dos casos de morte de crianças em todo o mundo.
O oficial de saúde do Unicef em Recife, Halim Antônio Girade, 45, disse esperar que, por ter a 11ª economia do planeta, o Brasil também ocupasse a 11ª posição entre os países com menores taxas de mortalidade infantil.
Para Girade, a maior causa da desnutrição é a carência dos micronutrientes ferro, iodo e vitamina A na dieta alimentar. "Não adianta a pessoa estar se sentindo bem alimentada se não tiver micronutrientes na alimentação."
Segundo ele, sabe-se há muito tempo que a deficiência de vitamina A -que afeta cerca de cem milhões de crianças pequenas no mundo- provoca cegueira. Mas, há sete anos, começou-se a perceber que "uma deficiência leve" de vitamina A também compromete o sistema imunológico.
Girade disse que fica reduzida assim a resistência da criança à diarréia, que mata 2,2 milhões de crianças por ano, e ao sarampo, que causa anualmente cerca de 1 milhão de mortes infantis.
Também devido à desnutrição, das cerca de 3,2 milhões de crianças que nascem por ano no Brasil, 295 mil (9,2%) apresentam baixo peso (menos de 2.500 gramas), o que aumentaria 11 vezes a sua probabilidade de morrer.
Para Girade, o trabalho da Pastoral da Criança da Igreja Católica e do PACS (Programa de Agentes Comunitários de Saúde) mostra a importância da mobilização social no combate à desnutrição.
Segundo ele, nas comunidades assistidas pela pastoral, a frequência de bebês que nascem com baixo peso é de 6%. Nas localidades atendidas pelo programa governamental, a frequência foi de 5,5% nos primeiros seis meses de 1997.
Uma das boas notícias constatadas pela pesquisa do Unicef no Brasil foi a de que, em dez anos, pulou de 3,6% para 39% a proporção de bebês de até quatro meses que se alimentam exclusivamente de leite materno.

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