São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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Para juiz, não há culpa na morte de Senna

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz Antonio Costanzo absolveu ontem, em Imola, na Itália, todos os seis acusados pela morte do piloto brasileiro Ayrton Senna, ocorrida em 1º de maio de 1994.
Frank Williams, Patrick Head e Adrian Newey, responsáveis pelo carro da equipe Williams que Senna conduzia no GP de San Marino, foram declarados inocentes por "não terem cometido o delito pelo qual foram acusados".
Federico Bendinelli, Giorgio Poggi e Roland Bruynsereade, responsáveis pelo circuito e pela corrida, foram absolvidos porque, segundo o juiz, "o motivo pelo qual foram acusados não existe".
A sentença de Costanzo colocou um ponto final no julgamento que começou no dia 20 de fevereiro deste ano, prometia muito, mas não deu em nada.
Nem mesmo as razões pelas quais Senna perdeu o controle de seu carro na curva Tamburello foram determinadas.
O "julgamento da F-1", como chegou a ser considerado antes de seu início, não passou de um procedimento legal protocolar.
O próprio Maurizio Passarini, responsável pela acusação, já pedira a absolvição de quatro dos seis acusados -considerou culpados apenas Head e Newey por negligência na reforma feita na coluna de direção, que teria provocado sua ruptura antes do acidente.
O juiz Costanzo nem a isso atendeu. Passarini, agora, tem 90 dias para apresentar recurso.
"Eventualmente farei o apelo. Mas preciso ler a sentença primeiro", disse o procurador, interessado em saber se o juiz aceitou ou não a hipótese da quebra da coluna como causa do acidente.
Na Inglaterra, a Williams emitiu comunicado no qual afirmou que "esse era o único desenlace possível" quase no mesmo momento em que um de seus pilotos, Jacques Villeneuve, sofria acidente sem consequências durante teste em Paul Ricard, na França.
Em Paris, a FIA, órgão máximo do automobilismo, comunicou que nada comentaria até análise detalhada da sentença.
Em São Paulo, pouco depois de a sentença ser proferida, Leonardo Senna, irmão do tricampeão, que hoje comando o grupo Senna, almoçava em um restaurante badalado da região dos Jardins.
Também em São Paulo, Viviane, a irmã, que dirige o Instituto Ayrton Senna, criado após a morte do piloto para financiar programas de assistência social, falou à agência noticiosa ANSA "que a família manteria-se em silêncio".
(JHM)

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