São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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Libaneses protestam contra censura a Aoun

Governo proibiu programa de TV

MARCELO STAROBINAS
DA REDAÇÃO

O líder cristão maronita libanês Michel Aoun, exilado na França desde o final de 1990, voltou ao cenário político do Líbano esta semana. A proibição da veiculação de um programa de TV com sua participação deu origem a uma série de protestos contra o governo, em Beirute (capital).
Aos gritos de "fora Síria", centenas de pessoas saíram às ruas na segunda-feira e ontem. Pelo menos 63 pessoas -entre estudantes e profissionais liberais- foram presas, mas já soltas, depois de choques com a polícia. A Ordem dos Advogados do Líbano decretou ontem greve de três dias em protesto pela liberdade de expressão.
O jornal libanês em língua francesa "L'Orient Le Jour" afirmou que a medida do governo conseguiu unir contra ele todo o espectro político de oposição.
"O governo cancelou o programa porque não pode controlar o que falamos ao vivo. Quer esconder a verdade do público. Camufla com mentiras a realidade do país", disse Aoun à Folha, de Paris, por telefone. Ele afirmou que a medida do Ministério da Informação é inconstitucional. "Nossas leis garantem a liberdade de expressão."
Autoridades libanesas
As autoridades libanesas tentam se abster da polêmica. Disseram apenas que a aparição do dissidente no programa de TV -que consiste em entrevistas com perguntas do público por telefone- "atentava contra os interesses nacionais".
"A imprensa libanesa pode falar qualquer coisa sobre qualquer pessoa", disse Aoun. "Desde que não fale mal sobre a ocupação síria", completou.
A Síria mantém atualmente 35 mil soldados em território libanês. Diz estar "dando garantias à estabilidade do país" desde o final da Guerra Civil (1975-90). Aoun, que esteve no comando do Exército libanês em 1989, pediu asilo político à França, após fracassada tentativa de expulsar as tropas sírias. Os simpatizantes de Aoun afirmam lutar pela independência do país.

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