São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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FHC reencontra um amigo

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Um evento inusitado ocorre hoje à noite em Brasília.
O senador José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR) oferecerá um jantar de honra em sua casa para o presidente Fernando Henrique Cardoso. Estará presente a alta cúpula petebista.
O jantar é incomum pela circunstância em que Andrade Vieira se encontra. Ex-dono do Bamerindus, teve o patrimônio tomado pelo governo para cobrir o prejuízo da instituição bancária que um dia dirigiu.
Entre os bens tomados pelo governo está um dos jatinhos que serviu a FHC na disputa presidencial de 94.
Andrade Vieira e suas empresas fizeram contribuições financeiras para a campanha tucana. O senador foi um dos aliados de primeira hora de FHC.
Depois que perdeu seu banco, Andrade Vieira ensaiou algumas críticas ao governo. Diz que foi mal interpretado. Queria, como ainda quer hoje, bater apenas no Banco Central.
Por tudo isso, o jantar de logo mais tem uma conotação clara de cachimbo da paz entre os dois políticos. Se ainda havia dúvidas sobre o relacionamento entre o presidente e o senador petebista, a cerimônia de hoje servirá para acabar com esse tipo de especulação.
Para reforçar o aspecto simbólico do jantar, o evento será muito mais do que um simples encontro entre FHC e Andrade Vieira.
Estarão na casa do senador cerca de 50 pessoas: as bancadas de deputados federais e de senadores do PTB, os ministros do partido e líderes regionais importantes, como o ex-governador mineiro Hélio Garcia.
A reunião será uma louvação à campanha da reeleição de FHC. O PTB, assim como em 94, sairá na frente no apoio ao candidato tucano.
Trata-se de uma conveniência de momento. Ninguém deve imaginar que apoios assim sejam eternos.
Nas palavras do líder petebista na Câmara, Paulo Heslander (MG), apoio político é como procissão religiosa: "Quando sai, se o santo é bom, a procissão só engrossa. Se o santo é ruim, corre o risco de, no final, ter sido largado no chão".
Para o PTB e para Andrade Vieira, até agora, FHC foi um santo excelente.

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