São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HSBC prevê que o Brasil vai ter recessão no primeiro semestre

Banco admite que o país terminará 1998 crescendo 1,5%

DO CONSELHO EDITORIAL

O Brasil passará por uma recessão no primeiro semestre do ano que vem, embora deva terminar 1998 com crescimento de 1,5%.
A previsão foi feita pelos estrategistas do HSBC, o banco internacional que comprou recentemente o Bamerindus.
O que chama a atenção no relatório que a Folha obteve é que, apesar dessa sombria previsão, ele é otimista em relação não só ao Brasil mas ao conjunto da América Latina.
"Após a resposta política brasileira do final de outubro, início de novembro, os mercados latino-americanos estão, no fundamental, bem colocados", diz a análise.
É uma alusão ao aumento dos juros e ao pacote fiscal baixado pelo governo.
Mas o banco não esconde a absoluta impossibilidade de fazer previsões seguras em função de fatores externos à região e que, por isso, estão totalmente fora do controle dos governos latino-americanos.
Câmbio não muda
"A região não pode evitar as severas sequelas explodindo no resto do mundo. Os riscos atuais são, pois, altos, com o maior perigo agora representado por um 'default' da Coréia, uma desvalorização pela China (risco pequeno) e outra forte correção no mercado norte-americano de títulos", diz o HSBC.
O "default" é, no caso, o não-pagamento da dívida externa pela Coréia. O relatório informa que "um grupo de corporações coreanas aparentemente pediu ao governo para declarar 'default"'.
Se o governo, atual ou o que for eleito hoje, adotar a recomendação, o fato "claramente tornaria a presente crise asiática muito pior do que no México em 94/95 (...) e levantaria inevitáveis paralelos com a crise da dívida latino-americana de 1982", prossegue a análise.
Salvo por essa hipótese catastrofista, o HSBC continua considerando "uma baixa possibilidade" o rompimento do esquema cambial brasileiro.
Um dos motivos para essa avaliação otimista vem do lado negativo: "Com a aguda desaceleração do crescimento no Brasil, um dos riscos ligados ao maior dos riscos na região para 98 (o crescente déficit externo brasileiro) foi removido", diz o relatório.
Menos importações
É uma alusão ao fato de que o déficit do Brasil em conta corrente (que mede todas as transações externas) deve cair de 4,4% em 97 para 4,2% em 98, justamente porque a redução da atividade econômica demandará menos importações e ainda permitirá uma sobra para exportações.
O HSBC reduziu para 1,5% a sua previsão para o crescimento brasileiro no próximo ano, mas, mesmo assim, adverte que esse número pode ser otimista.
Sobre os mercados de papéis, diz o relatório que "não há garantia" de que possa haver recuperação sustentada na América Latina, "embora uns poucos dias de estabilidade provavelmente venham a ocorrer".
Tudo somado, o relatório do banco, preparado em Londres, diz que "é muito claro que os mercados latino-americanos parecem relativamente atraentes em relação ao resto dos mercados emergentes do mundo".

Texto Anterior: Juros altos vão afetar bancos, diz a OCDE
Próximo Texto: Petrobrás atinge recorde de produção
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.