São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997 |
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Após assalto, jovem passa a ensinar arte
ARMANDO ANTENORE
Há sete anos, às vésperas do vestibular para medicina, saía de casa, no Morumbi (SP), quando uma dupla de assaltantes o abordou. Mesmo sem reagir, levou um tiro na nuca que lhe tirou todo os movimentos abaixo do ombro."Restaram-me duas saídas: maldizer o destino ou reunir forças para continuar vivo." Aprendeu, então, a pintar com a boca. Em dezembro de 91, fez a primeira exposição e vendeu 60 aquarelas. Ficou tão eufórico que assumiu ali, na mostra, um com promisso: criaria uma associação para promover o desenvolvimento artístico e a inclusão social de deficientes físicos ou mentais. Mal iniciou a empreitada, se arrependeu. "Jamais imaginei as dificuldades que enfrentaria, principalmente por causa de minha inexperiência administrativa." Não quis, entretanto, trair a própria a palavra. E acabou abrindo, em março de 94, num sobrado do Brooklin (zona sul de São Paulo), a Associação Rodrigo Mendes, que dá aulas de pintura e artesanato para 50 alunos. Sem fins lucrativos, ela sobrevive de doações, das mensalidades pagas por 20% dos estudantes (R$ 125). Os outros 80% recebem bolsas. A associação ainda comercializa os direitos autorais de quadros produzidos pelos deficientes, que servem de ilustração para cartões de Natal e capas de cadernos. Arrependimento, agora, é coisa do passado. "O esforço compensou", diz Mendes, que hoje estuda administração de empresas. "Aumentei a auto-estima dos alunos e a minha também." (AA) Texto Anterior: Terapeutas doam horas de trabalho Próximo Texto: Roupa de boneca combate depressão Índice |
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