São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Após assalto, jovem passa a ensinar arte

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

O paulistano Rodrigo Hubner Mendes, 26, se diz tão objetivo quanto a bala que o deixou tetraplégico. Não é retórica.
Há sete anos, às vésperas do vestibular para medicina, saía de casa, no Morumbi (SP), quando uma dupla de assaltantes o abordou.
Mesmo sem reagir, levou um tiro na nuca que lhe tirou todo os movimentos abaixo do ombro."Restaram-me duas saídas: maldizer o destino ou reunir forças para continuar vivo."
Aprendeu, então, a pintar com a boca. Em dezembro de 91, fez a primeira exposição e vendeu 60 aquarelas. Ficou tão eufórico que assumiu ali, na mostra, um com promisso: criaria uma associação para promover o desenvolvimento artístico e a inclusão social de deficientes físicos ou mentais.
Mal iniciou a empreitada, se arrependeu. "Jamais imaginei as dificuldades que enfrentaria, principalmente por causa de minha inexperiência administrativa."
Não quis, entretanto, trair a própria a palavra. E acabou abrindo, em março de 94, num sobrado do Brooklin (zona sul de São Paulo), a Associação Rodrigo Mendes, que dá aulas de pintura e artesanato para 50 alunos. Sem fins lucrativos, ela sobrevive de doações, das mensalidades pagas por 20% dos estudantes (R$ 125). Os outros
80% recebem bolsas.
A associação ainda comercializa os direitos autorais de quadros produzidos pelos deficientes, que servem de ilustração para cartões de Natal e capas de cadernos.
Arrependimento, agora, é coisa do passado. "O esforço compensou", diz Mendes, que hoje estuda administração de empresas. "Aumentei a auto-estima dos alunos e a minha também."
(AA)

Texto Anterior: Terapeutas doam horas de trabalho
Próximo Texto: Roupa de boneca combate depressão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.