São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997 |
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Mulher de Lopes é 'espiã' eletrônica
SÉRGIO RANGEL
Ela gravou quase todos os jogos da equipe comandada pelo seu marido e dos adversários do Vasco no Brasileiro. "Faço tudo para ajudar o meu marido", disse Elza. O trabalho de "espionagem" é apenas um exemplo da participação de Elza na carreira de Lopes. Apaixonada por futebol, ela marcou presença em quase todas os jogos do Vasco neste ano e é considerada a confidente do treinador. "Quando ele chega em casa tento sempre descontraí-lo para aliviar a tensão diária e acabamos falando em futebol", disse. "Dou os meus palpites, mas acho que não chego a interferir no trabalho dele", conta. Na abertura da segunda fase do Campeonato Brasileira, ela foi ao Maracanã assistir a partida entre o Flamengo e o Juventude, futuros adversários do Vasco. Com personalidade forte, Elza adora falar de futebol e não foge de uma polêmica. Quando o assunto é o atacante Edmundo, principal estrela do time carioca, ela defende o jogador. "Ele deve jogar a Copa do Mundo. Se pudesse, escalaria o Edmundo, o Romário e o Bebeto na seleção." Para a mulher de Lopes, o atacante não errou ao ser expulso na primeira partida da decisão do Campeonato Brasileiro, domingo, no Morumbi. "O juiz deixou os zagueiros do Palmeiras baterem à vontade, e o Edmundo não conseguiu se controlar", defende. Depois de assistir alguns jogos do Palmeiras, Elza apontou a sua principal preocupação. "A defesa dos paulistas é muito bem fechada e pode complicar para o Vasco." Apesar de torcer pela vitória do Vasco, a mulher de Lopes adota cautela quando o assunto é a decisão. "O Vasco é o time com a melhor campanha, mas decisão é sempre imprevisível", disse Elza, que considera o marido um dos melhores treinadores do país. "Não resta dúvida de que ele é um dos mais capacitados do país. Ele revelou o Romário, no Vasco, o Dener, na Lusa, e o Caíco, no Internacional, para lembrar de algumas estrelas", disse. "Neste campeonato, ele descobriu o Odvan e o Nasa, que jogavam em times pequenos no Rio, além do Felipe, a revelação do campeonato", conta. "Ele pode ser definido como um verdadeiro trabalhador e uma pessoa muito simples", afirmou Elza, que começou a namorar o treinador em 1960. Na ocasião, Lopes tentava iniciar a frustrada carreira de atacante no Olaria, time do subúrbio carioca. "Sempre fui aos estádios torcer pelo Lopes. Naquele tempo, também torcia muito por ele", disse. Elza acompanhou o marido em todos os clubes que Lopes trabalhou nos 23 anos de carreira. Neste período, ele trabalhou no Kuait, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Portugal. "Só não conseguia assistir aos jogos na Arábia. Era uma tortura, tinha que ficar ouvindo o jogo no radinho. Mesmo assim, a única coisa que entendia era quando acontecia um gol", lembra. As mulheres são proibidas de entrar em estádios na Arábia Saudita. Apesar de manter cautela ao comentar a decisão, a mulher de Lopes deverá ir ao Maracanã, no domingo. "Sei que a partida vai ser dura, mas vou rezar e torcer muito para o Vasco deixar o estádio com o título", disse Elza. Caso o time carioca conquiste o tricampeonato, será o primeiro título brasileiro da carreira do marido de Elza. LEIA MAIS sobre a decisão do Brasileiro à pág. 3-13 Próximo Texto: Elza sugere marcação especial em Viola e Zinho Índice |
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