São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
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Livros fracassam ao falar para 'leigos'

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Usando uma abordagem descomplicada, os autores norte-americanos Mary Edwing-Mulligan e Ed McCarty tentam em "Vinho para Leigos" e "Vinho Branco para Leigos" iluminar o caminho daqueles que decidiram se embrenhar no mundo do vinho.
"Vinho para Leigos" parte da receita mais simples para explicar a elaboração do vinho ("colha as uvas, coloque-as num recipiente limpo que não vaze, esmague-as e espere"), detalha as diferenças entre tintos e brancos e descortina pontos fundamentais a serem observados na compra e apreciação de vinhos -abordando também o tema das taças e apetrechos mais apropriados para o seu serviço.
Numa viagem através das regiões vinícolas do mundo, ilustrada com mapas simples mostrando a sua localização, descreve os vinhos mais importantes da Europa e do Novo Mundo, indicando alguns bons produtores. Outros capítulos abordam o tema dos espumantes, como cuidar dos vinhos e da adega e as melhores safras.
O livro apresenta uma ótima sequência de tópicos e tem um texto acurado, mas com alguns tropeços -como o de incluir, no texto da Suíça, a uva tinta Merlot no grupo das brancas (chamadas no livro, curiosamente, de "verdes") ou recomendar lojas de vinhos e publicações norte-americanas e não dar seus telefones ou endereços.
Já "Vinho Branco para Leigos" mais parece um conjunto de partes criadas em separado e coladas rapidamente do que uma obra pensada como um todo. Há textos repetidos, por vezes confusos e até discordantes.
O capítulo sobre a Borgonha explica que "as terras de cultivo (desses vinhedos) estão divididas em duas categorias" (que qualificam também os vinhos), listando a seguir sete, para depois afirmar que são cinco. O livro avalia, corretamente, os Montrachet, Corton-Charlemagne, Batard e Chassagne-Montrachet (que chegam a ter preços de três dígitos) como alguns dos melhores do lugar, para depois colocar o Puilly-Fuissé, um Borgonha sem grande predicado, junto a eles, afirmando que ele é caro (cerca de US$ 18) em se tratando de "apenas mais um vinho branco" (da região).
O capítulo "Dez Brancos Pouco Conhecidos" menciona onze nos subtítulos -e no texto acabam sendo indicados 21. Um branco italiano, o Vigna del Pini, é descrito duas vezes, sendo recomendado para acompanhar vitela, frango e coelho na primeira, e "pratos com sabor terroso" (sic), ou defumado como salmão cozido em forno de lenha, na segunda.
Em meio à confusão, dois capítulos merecem atenção: o da combinação do vinho com comida e o que propõe diferentes provas de vinhos. Neste, os autores tentam o leitor a se iniciar no hábito da degustação por meio de exercícios para identificar os sabores do carvalho ou as diferenças entre um Sauvignon e um Chardonnay.

Obra: Vinho para Leigos (456 págs, R$ 39,50) e Vinho Branco para Leigos (320 págs, R$ 29,50)
Lançamento: editora Mandarim
Autores: Mary Edwing-Mulligan e Ed McCarty

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