São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 1997
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Clinton tira prazo de tropas na Bósnia

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, anunciou ontem que tropas dos EUA vão permanecer na Bósnia por tempo indefinido como parte das forças de paz da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Antes, estava estabelecido um prazo até junho de 1998 para a retirada.
Há 8.500 militares norte-americanos na Bósnia, de um total de 34 mil da Otan. "O progresso na Bósnia (em direção à paz) é inquestionável, mas não irreversível", disse Clinton, para justificar a decisão.
Embora tenha afirmado não acreditar que forças dos EUA se tornem presença permanente na Bósnia, Clinton evitou responder a uma pergunta sobre se elas ainda estariam lá quando o seu mandato presidencial se encerrar, em 2001.
Clinton vai visitar os soldados de seu país estacionados na Bósnia na próxima segunda-feira e está convidando parlamentares da oposição e do governo para acompanhá-lo. Ele reconhece que precisa do apoio do Congresso e da opinião pública para a sua decisão.
Diversas pesquisas mostram que a maioria dos norte-americanos prefere que os soldados retornem ao país no prazo previsto. O Partido Republicano, de oposição, que controla as duas casas do Congresso, também defende essa posição.
As forças de paz na Bósnia começaram a operar em dezembro de 1995. Tinham prazo de um ano para encerrar a sua missão. Em 1996, seu mandato foi ampliado por outros 18 meses, mas o número de soldados diminuiu dos 60 mil originais para os 34 mil de agora.
Clinton disse que a Otan vai decidir sobre o tamanho e as funções das tropas nos próximos meses, para garantir os termos do acordo de paz firmado em Dayton, Ohio, Meio-Oeste dos EUA, em 1995.
Embora a economia na Bósnia tenha melhorado graças aos bilhões de dólares que estão sendo injetados pelos EUA e países da Europa Ocidental, as disputas ideológicas entre sérvios, croatas e muçulmanos continuam. Só a presença das tropas da Otan impede o retorno da violência no país.
Ainda há cerca de 700 mil refugiados fora da Bósnia. Em torno de 340 mil retornaram nos últimos três anos. A maioria dos sérvios continua defendendo a anexação de parte do país pela Sérvia. O sentimento separatista também permanece forte entre os croatas.
Um dos problemas mais importantes na Bósnia é a questão dos acusados de crimes de guerra, como o líder sérvio Radovan Karadzic. Clinton se recusou a discutir a possibilidade de as tropas da Otan serem utilizadas para prender Karadzic e outros, como muitos defendem nos EUA e na Europa.
(CELS)

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