São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997
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CRM acha até cobras em posto de saúde

ALEX MENDES
DA FOLHA RIBEIRÃO

Pacientes fazem curativos na sala do necrotério enquanto cobras passeiam por corredores de uma UBDS (Unidade Básica Distrital de Saúde) de Ribeirão Preto (319 km de São Paulo).
O CRM (Conselho Regional de Medicina) do Estado apontou pelo menos 20 irregularidades como essas na unidade de saúde, localizada no bairro Simioni.
A situação descrita pelo laudo preliminar do conselho, e contestada em parte pela direção da unidade, pode resultar na suspensão do atendimento médico.
Segundo o diretor do Departamento de Fiscalização do CRM, Cristião Fernando Rosas, 42, a situação é "crítica".
O relatório apontou também a falta de equipamentos obrigatórios para a prestação de socorro nas ambulâncias.
O espaço destinado ao atendimento de pacientes foi declarado insuficiente pela fiscalização. A UBDS do Simioni atende cerca de 200 pessoas por dia.
Os médicos se revezam em plantões de quatro horas, numa média de cinco profissionais por turno.
Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos de Ribeirão, Alexandre de Souza Cruz, as melhorias no posto devem ser feitas "imediatamente".
"O atendimento é muito intenso na região e precisamos que seja feito com toda a ética que a profissão exige."
A Secretaria Municipal de Saúde anunciou reformas no local para o início do próximo ano, mas contestou algumas irregularidades apontadas no laudo do CRM.
"Temos todo o equipamento básico para a prestação de socorro dentro de uma ambulância", garantiu.
Qualidade
Os fiscais do conselho concluíram que o posto não obedece aos dispositivos da Resolução CEM nº 1451/95 e da Portaria MS nº 188/94.
"A qualidade de atendimento do posto deixa muito a desejar e, em alguns casos, as reformas são emergenciais", afirmou Rosas.
Ele disse que, para chegar ao relatório final, é necessário coletar dados sobre os recursos humanos do UBDS. Segundo o diretor, a coleta foi solicitada por ofício enviado ao posto 20 dias atrás.
"Esses dados vão influenciar na decisão final do órgão, pois precisamos saber como é feito o atendimento e quais as condições de trabalho do local", disse ele.
Com os dados, o conselho faz o relatório final que é enviado a uma câmara de apreciação, que divulga as providências a serem tomadas.
Em seguida, o CRM pode solicitar aos médicos a interrupção do atendimento na unidade.
"Não temos o poder de interromper o atendimento no hospital. Quem faz isso é a vigilância sanitária da cidade. O que podemos fazer é solicitar uma interdição ética", afirmou o diretor.
Nesse caso, os médicos fazem o diagnóstico preliminar e enviam o paciente para hospitais ou clínicas.
Rosas informou que, nesses casos, o Conselho costuma dar um prazo monitorado para as adaptações. A câmara é que estipula o tempo para as reformas.

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