São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997
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Corte de salário não passa na Unionrebit

MAURICIO ESPOSITO; SÉRGIO LÍRIO; FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL E DA

Agência Folha, em Florianópolis
Os funcionários da Unionrebit, indústria de rebites e parafusos de São Caetano do Sul, na região do ABC paulista, recusaram a proposta da empresas de reduzir jornada de trabalho e salários.
Essa foi a primeira empresa a tentar concretizar o acordo fechado na semana passada entre os metalúrgicos da Força Sindical e o Sindipeças -sindicato da indústria de autopeças- que permite a redução de até 25% na jornada e 10% nos salários.
Na assembléia realizada ontem de manhã na Unionrebit, apenas 2 dos 75 funcionários da empresa votaram a favor da proposta de reduzir em 20% a jornada de trabalho e em 10% os salários.
Apesar de ter assinado o acordo com o Sindipeças, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano não se esforçou para que o corte nos salários fosse aceito na Unionrebit.
Até o fechamento desta edição, a direção da Unionrebit não havia procurado o sindicato para dar continuidade às negociações, que devem ser retomadas a partir do início de janeiro, após o fim das férias coletivas de final de ano.
A empresa, que fatura quase R$ 4 milhões por ano, alega que suas vendas caíram acentuadamente. Ela fornece rebites e parafusos para montadoras e outras indústrias de autopeças.
O presidente da Força Sindical, Luiz Antônio Medeiros, que conduziu pessoalmente as negociações com o Sindipeças, se recusou a analisar a posição dos trabalhadores da Unionrebit.
"Eu não tenho detalhes do que aconteceu. Lá não é minha base e eu não sei como as coisas aconteceram ", disse irritado.
Influência
Para o advogado Drausio Rangel, negociador do Sindipeças, a recusa dos trabalhadores da Unionrebit não é um sinal de que a adesão ao acordo pode ficar abaixo do esperado.
"É preciso levar em conta que a empresa fica no ABC, região de muita influência das montadoras e da CUT. Tudo que está ocorrendo na Volks se reflete sobre as outras empresas", afirma.
O Sindipeças calcula que 70% das 270 empresas no Estado de São Paulo onde os trabalhadores são ligados à Força Sindical irão adotar a redução de jornada e de salários.
Sem piso
Em São Caetano os metalúrgicos se recusaram a abrir mão de parte dos salários, mas em Santa Catarina os trabalhadores da indústria têxtil trocaram o piso salarial pela garantia de emprego.
Um acordo assinado ontem entre empresários e sindicatos na região de Blumenau prevê a flexibilização do piso salarial no setor, que equivale a R$ 267,50.
O acordo libera a política salarial das empresas, ou seja, cada indústria poderá determinar seu próprio piso.
Em épocas de baixa produção, o menor salário pago aos novos contratados poderá ser diminuído e vice-versa. Os salários dos atuais empregados se mantém.
Em troca, os empresários se comprometeram a dar estabilidade no emprego até 31 de março e a conceder um reajuste salarial de 2,5% retroativo a setembro aos 22 mil trabalhadores da categoria.
As empresas pretendem usar a flexibilização do piso apenas para novos empregados, mas dizem que não farão demissões em massa. O acordo vai atingir empregados que entram para substituir os que se demitem voluntariamente.
O acordo também prevê a criação de um banco de horas semelhante ao adotado pelos metalúrgicos do ABC paulista. Se a produção estiver baixa, a jornada é reduzida de 44 horas para até um mínimo de 32 horas semanais, sem redução salarial. Se estiver alta, a jornada pode chegar a 54 horas semanais.
(MAURICIO ESPOSITO, SÉRGIO LÍRIO E FÁBIO ZANINI)

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