São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 1997
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Polícia religiosa dá 'batida' na seleção

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO

A polícia religiosa da Arábia Saudita atrapalhou a festa da seleção, que comemorava os 2 a 0 contra os tchecos, gols de Romário e Ronaldinho, resultado que classificou o time para a final da Copa das Confederações, amanhã, contra a Austrália.
Conhecida como matawwa, a polícia religiosa, cujo nome oficial é Comitê para Propagação da Virtude e Prevenção do Vício, fez uma batida no hotel da seleção para investigar os hábitos dos jogadores.
De acordo com os matawwa, a blitz foi decidida depois que jornais locais publicaram fotos da feijoada oferecida à seleção na casa do embaixador brasileiro.
Como as mulheres que participaram do almoço não tinham o rosto coberto e a bebida alcoólica foi permitida, a polícia religiosa quis verificar se a seleção não estaria incentivando tais hábitos, não aceitos pelo islamismo, no hotel em que está concentrada.
No momento em que os matawwa fizeram a blitz, o técnico Zagallo e outros membros da comissão técnica estavam no estádio Rei Fahd, vendo o jogo em que a Austrália ganhou do Uruguai por 1 a 0.
Após muita confusão, os jogadores só se safaram do interrogatório da polícia religiosa devido à interferência da embaixada do Brasil e da organização do torneio.
A vitória
Zagallo considerou a atuação do Brasil ontem, contra a República Tcheca, a melhor da equipe até aqui na Copa das Confederações.
No primeiro tempo, porém, os brasileiros foram mal, apesar de terem perdido duas grandes oportunidades, ambas com Ronaldinho. Aos 29min, o atacante, livre diante do goleiro, mandou para fora. Aos 46min, chutou na trave.
Na etapa final, chegaram aos 2 a 0, com Romário, aos 9min, marcando após receber passe de Juninho, e Ronaldinho, aos 38min, aproveitando passe de Denílson e desencantando na Arábia.
Para o técnico brasileiro, o time desenvolveu outro ritmo de jogo. "Nem parecíamos o mesmo da primeira fase", desabafou. "Anulamos o número 4 deles (Nedved), o criador), o artilheiro (Smicer), e acabamos com os tchecos."
Para Romário e Roberto Carlos, o segredo é enfrentar times talentosos. "A República Tcheca foi nosso melhor adversário. Eles não ficaram tão atrás, e assim nós pudemos jogar bola", disse o atacante. "Foi nosso melhor jogo. Quando o Brasil é instigado, o time cresce", explicou o lateral.
O zagueiro Júnior Baiano e o volante Flávio Conceição, que saíram contundidos, não são problema para amanhã. "Eles só sentiram dor no tornozelo direito, mas já está tudo bem com os dois", disse o médico Lídio Toledo.
Tchecos e uruguaios, derrotados na semifinal, disputam o terceiro lugar na preliminar de Brasil e Austrália.

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