São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997 |
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CUT e Força disputam melhor resultado
SÉRGIO LÍRIO
Às vésperas de um ano eleitoral -que promete ser também o de maior desemprego na história do país-, a CUT, braço sindical do PT, e a Força, do pefelista Luiz Antônio de Medeiros, antecipam a disputa entre Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. O emprego em si, de José ou de João, pouco importa na queda-de-braço. O que vale é a defesa do Emprego, com "e" maiúsculo, como conceito geral. E é o que o rumo das negociações mostram. De um lado, a Força Sindical se apressou em fazer um acordo com a indústria de autopeças para reduzir salários, sem que a discussão estivesse consolidada em suas bases. O resultado é que um importante sindicato forcista, o dos Metalúrgicos de Guarulhos, que representa 9.000 trabalhadores do setor, resolveu ficar de fora. "Eu não tive tempo de consultar minha base", justificou na semana passada Francisco Cardoso Filho, o Chicão, presidente do sindicato. A recusa dos trabalhadores da Unionrebit, de São Caetano, em aceitar o corte nos salários foi outro sinal de que o acordo não está claro para os trabalhadores. Ao contrário da Força, que, ao fechar o acordo com o Sindipeças, limitou a discussão sobre o desemprego a uma conversa entre patrões e empregados, a CUT tem tentado associar o aumento do desemprego à alta de juros e ao pacote fiscal do governo. Exemplo: no ato público do ABC paulista, há duas semanas, o candidato Lula propôs o acampamento em áreas urbanas, ao estilo MST, para politizar o tema. Na ânsia de capitalizar a questão do desemprego, Medeiros e Vicentinho, presidente da CUT, vão trocando acusações. Na quarta-feira, quando os metalúrgicos do ABC anunciaram o programa de demissões voluntárias na Volkswagen, Medeiros classificou o acordo de "sofrível". "Evitei 8.000 demissões e eles conseguiram 3.500", afirmou Medeiros, comparando o seu com o acordo da CUT. Vicentinho não deixa por menos. Anteontem, durante protesto no Rio, ele acusou a Força de apoiar medidas contrárias aos interesses dos trabalhadores, como as privatizações e o contrato temporário. "Reduzir salários é colocar o trabalhador na condição de escravo", disse. (SL) Texto Anterior: Primeira tentativa do Sindipeças é rejeitada Próximo Texto: Montadora retoma negociação e insiste no corte de benefícios Índice |
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