São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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RITUAIS DO MONGE

. AUTRAN DOURADO
O escritor mineiro Autran Dourado, 71, como tantos de seus conterrâneos, escolheu viver no Rio de Janeiro.
Ele acorda cedo, caminha pelo bairro do Botafogo, onde mora, e passa o restante da manhã no escritório. À tarde, gosta de visitar livrarias. "Estou sempre lendo. Tenho mania de ler Machado de Assis. Agora releio 'Dom Casmurro'. Ele é tão genial. Às vezes estou escrevendo e encontro uma metáfora tão boa, que penso: será que isso é meu ou é do Machado?"
Há dois anos, abandonou a máquina de escrever e tem realizado seus livros com o computador. A troca não lhe pareceu vantajosa, no entanto. "Eu gostava daquele ritual. Custa muito até que venha uma idéia boa. A máquina de escrever era melhor companheira, o computador parece que está o tempo todo nos cobrando rapidez e eficiência."
Autran Dourado diz levar uma vida de monge. "Quase não saio de casa. Meus grandes amigos, como o Otto Lara Resende e o Hélio Pelegrino já morreram. Hoje começo a ver que fazem uma falta danada." E sentencia: "A vida literária é muito chata".

AUTRAN DOURADO nasceu em 1926 em Patos (MG). É autor, entre outros, de "A Barca dos Homens", "Uma Vida em Segredo", "Ópera dos Mortos" e "Os Sinos da Agonia" (Francisco Alves). Lançou recentemente "Os Melhores Contos"(Global). Vive no Rio de Janeiro.

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