São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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a angústia das compras

FRANCISCO B. ASSUMPÇÃO JR

A noção de "não" na criança é uma das primeiras categorias a serem adquiridas, sendo de fundamental importância para que ela desenvolva limites.
Especialmente no final de ano, desencadeia-se uma necessidade consumista exagerada que faz com que muitos pais entrem em desespero ao se defrontar com uma demanda acima de suas possibilidades. Tanto a criança como o adolescente, por precisarem construir uma auto-imagem valorizada, tendem a procurar uma aprovação social por meio do consumo de objetos valorizados pelo seu grupo.
Mas, à medida que os objetos são comprados, percebe-se que seu prazer é efêmero, uma vez que não têm um significado real e, consequentemente, a transitoriedade das aquisições causa uma sensação de tédio e angústia.
Surgem assim as recriminações aos pais, os sentimentos de desvalia, as alterações de conduta em maior ou menor grau e, principalmente, uma grande inadaptação ao cotidiano, que se agravará com o passar do tempo.
O problema tem raízes em nossa própria conduta como pais. Alterar os significados que nossos filhos põem na própria vida depende, principalmente, da alteração dos significados que nós mesmos estabelecemos.
(FAJr.)

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