São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 1997 |
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Colón ingressa em 98 com balé e ópera
LÉO GERCHMANN
Saber antecipadamente a programação do Colón é ter acesso a um roteiro de viagem por uma das culturas mais sofisticadas do continente. Os apressados talvez fiquem desapontados, mas a dose de cultura internacional em solo portenho começa a ser despejada somente no dia 7 de março, com o balé "Giselle". Serão 11 óperas, quatro balés e a presença permanente da Orquestra Filarmônica de Buenos Aires. Óperas O início do ano é um tipo de recesso na Meca cultural da capital argentina. Em compensação, a programação (veja quadro nesta página) traz obras de peso. No dia 2 de maio, é apresentada a primeira ópera do ano -"Macbeth", dividida em quatro atos. Depois, virão atrações como "O Crepúsculo dos Deuses" (Wagner), "Fausto" (Gounod) e a estréia mundial da ópera "Don Juan" (Zorzi). Os portenhos esperam com alguma expectativa a apresentação de um antigo ídolo tido como unanimidade para quem gosta de canto lírico: no dia 13 de agosto, quando o rigor do inverno realça o charme da cidade e lota os seus famosos cafés, Plácido Domingo estará em Buenos Aires para estrear a ópera "Fedora", de Giordano. Suntuosidade Na verdade, o Colón, que completa 90 anos de existência no dia 25 de maio do ano que vem (a inauguração do teatro foi marcada por uma apresentação de "Aída", de Guiseppe Verdi), é referência cultural, arquitetônica e turística de Buenos Aires. O turista desavisado que entra no auditório onde ocorrem as apresentações chega a se assustar com a suntuosidade da arquitetura. Durante os espetáculos, impressiona a acústica perfeita. Dizem os orgulhosos portenhos que a acústica do Colón se origina numa receita italiana do arquiteto Meano. As galerias que cercam as poltronas centrais têm forma de ferradura. Nisso estaria o segredo que leva o espectador a sentir que o cantor está ao pé do seu ouvido. A forma de ferradura cria uma caixa acústica cuja matemática possibilita uma audição perfeita. Pintura O teto do teatro Colón lhe confere uma imagem de templo. A pintura, arredondada em toda a sua extensão, lembra afrescos medievais. Seu autor, Raúl Soldi, nasceu na Buenos Aires de 1905 e se tornou um dos expoentes das artes plásticas argentinas, tendo tido sua formação na Academia de Brera, em Milão. A pintura do teto majestoso do Colón foi concluída somente em 1966. As 51 figuras imaginadas e pintadas por Soldi têm, todas elas, inspiração musical. As cores utilizadas são as típicas da arte elaborada pelo autor. No salão de bustos, que é outra atração do complexo cultural, aparecem esculturas que representam os compositores Verdi, Beethoven, Mozart, Wagner, Gounod e Bizet. A boca de cena é fechada por um telão de felpa vermelha, bordado até a altura de dois metros, que combina com os tons do teatro. Além do auditório em si, há outras peças arquitetônicas de rara beleza, como o salão dos bustos, o salão dourado, o hall central e as diversas salas dedicadas a oficinas. Texto Anterior: Carla Perez no Pelourinho, nova história do Brasil Próximo Texto: Teatro disseminou o gosto pela ópera Índice |
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