São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 1997
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Exportação tira a Embraer da crise

Empresa assina contrato de US$ 1 bi com EUA

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Três anos depois de ser privatizada pelo governo, a Embraer cortou as palavras crise e demissão de seu vocabulário. De abril para cá, contratou mil novos empregados. O presidente da empresa, Maurício Botelho, anunciou ontem no Rio que pelo menos mais 2.000 serão admitidos até o final de 1999.
O soerguimento da empresa se deve à aceitação de seus jatos ERJ-145 no mercado internacional. Ontem, a Embraer, o BNDES e a norte-americana AMR Eagle assinaram contrato de US$ 1,1 bilhão para exportação de 67 aeronaves para os EUA.
A Embraer está fechando o ano com faturamento de US$ 780 milhões, sendo que US$ 600 milhões foram obtidos com exportações. No ano que vem, espera dobrar a receita de exportação, chegando a US$ 1,2 bilhão.
Em dezembro de 94, quando foi privatizada, a empresa possuía 6.500 funcionários e fechou o ano com US$ 240 milhões de faturamento. Era um número alto de empregados, comparado aos 4.200 atuais, mas modesto perto dos 13 mil funcionários que tinha em 89.
A direção da Embraer espera fechar o ano de 99 novamente com 6.500 empregados, mas com um faturamento anual de US$ 2 bilhões. Para isso, está se voltando cada vez mais para o mercado internacional. Neste ano, as encomendas da FAB responderam por apenas US$ 150 milhões.
O presidente da AMR Eagle, Daniel Garton, veio pessoalmente ao Brasil para assinar o contrato e acenou com a possibilidade de mais um, ainda maior.
A AMR Eagle -subsidiária da AMR Inc., que também controla a American Airlines- é a maior empresa de aviação regional do mundo, mas sua frota de 200 aviões é formada por antigos turboélices.
Mercado disputado
O executivo norte-americano disse que a AMR Eagle fará uma seleção internacional para escolha do fornecedor para substituição do restante da frota. "Espero que o seja a Embraer e que haja, novamente, financiamento do BNDES", afirmou Garton.
O BNDES participa desse contrato financiando o comprador norte-americano. A cada aeronave entregue à AMR Eagle, o banco repassará US$ 15,5 milhões à Embraer.
O financiamento do BNDES foi decisivo para a assinatura do contrato entre a Embraer e a empresa de aviação regional norte-americana. Ela disputou a concorrência com a canadense Bombardier, que acusou o Brasil de estar subsidiando as exportações da Embraer.
A disputa entre as duas começou em 96, quando a Embraer derrotou a Bombardier na concorrência para fornecimento de aviões à Continental Express.

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