São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 1997
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O bacana

MELCHIADES FILHO

Alguns leitores me escrevem perguntando quem considero o sujeito mais legal da NBA. Ok, se você é um deles e está mesmo à procura de um ídolo, a minha sugestão é Brian Williams.
Ele jamais estará entre os melhores do basquete. Mas é uma das poucas vozes inteligentes e dissonantes da liga americana.
Encontrei o pivô pela primeira vez em 1995, em Phoenix. De bermudas e chinelo de borracha, passeava de skate. Pirulito na boca, recusou a entrevista.
Recuperava-se de seu segundo "breakdown" por depressão -chegou a ser internado, parece, numa clínica no Colorado.
Pois, depois de passar por quatro times na NBA (Orlando, Denver, LA Clippers e Chicago) e vários tratamentos, ele enfim encontrou a paz em Detroit.
Está exibindo o melhor basquete de sua carreira -médias de 18,9 pontos e 10 rebotes, o quarto desempenho estatístico entre os 70 pivôs da liga.
Mas, sobretudo, aprimorou o seu bom humor. Confira:
"Não passa de um truque barato de marketing politicamente correto. A modernidade vende bonés e camisetas", opinou, no dia em que a NBA celebrava a contratação de duas juízas, as pioneiras do esporte profissional norte-americano.
"A maioria dos jogadores é negra. Por isso, a liga está obcecada em encontrar a grande esperança branca", disse acerca do novato Keith van Horn (New Jersey), que já está sendo comparado, precipitadamente, ao legendário Larry Bird.
"Com 50 paus ele pagava um maluco para estourar os joelhos do cara", ironizou a agressão de Latrell Sprewell ao treinador do Golden State, que custou ao atleta a suspensão por um ano e o prejuízo de US$ 24 milhões.
"Ver a grama crescer é mais divertido", comentou a decisão da NBA de trocar o torneio anual de enterradas por uma gincana com a presença de atletas da WNBA, a liga feminina.
Na era do press release, esse sarcasmo soa como música.

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