São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 1997
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Tchetchenos atacam tanques russos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS; DO BANCO DE DADOS

Um comando tchetcheno atacou carros blindados russos na madrugada de ontem na república russa do Daguestão. Foi o maior conflito envolvendo russos e os separatistas tchetchenos desde o final da guerra, em agosto de 1996.
Cerca de cem homens, armados de metralhadoras e lança-foguetes, dispararam contra tanques de guerra e caminhões de soldados na cidade de Buinaksk. Depois, fugiram de volta para a Tchetchênia (parte integrante da Rússia, a 60 km do local do incidente), usando policiais como reféns.
Dois civis e dois milicianos tchetchenos morreram durante a fuga. Vários soldados ficaram feridos. A maior parte dos atacantes conseguiu atravessar a fronteira e se refugiar nas montanhas da Tchetchênia. Cerca de dez deles foram detidos por forças de segurança russas que policiam as fronteiras.
O ataque aparentemente foi feito por um grupo desleal ao governo da Tchetchênia, que assinou um acordo de paz com a Rússia. "Denunciamos categoricamente qualquer provocação que vá contra os acordos de paz assinados com Moscou", declarou ontem o vice-premiê tchetcheno, Movladi Udugov.
O combate durou várias horas. Dois veículos de guerra russos T-72 foram destruídos. Caminhões-tanque carregando combustível explodiram, e diversos incêndios foram provocados nas centrais de energia elétrica e de telecomunicações da cidade.
O presidente russo, Boris Ieltsin, manifestou recentemente o desejo de fazer, em janeiro, sua primeira visita à Tchetchênia desde o final da guerra. O Kremlin anunciou que essa visita teria o caráter de viagem interna na Federação Russa, o que desagrada aos separatistas tchetchenos.
A guerra envolvendo Rússia e Tchetchênia matou pelo menos 40 mil pessoas, a maioria civis. Um acordo foi firmado em agosto de 96 entre os tchetchenos e o general russo Alexander Lebed.
Segundo os termos do acordo, o estatuto da Tchetchênia só será definido em 2001. Até essa data, a região continuará tendo autonomia -mas não independência- em relação à Rússia.
A volta de Ieltsin
O presidente Boris Ieltsin, contrariando conselhos médicos, afirmou que reassume hoje a Presidência. Disse estar curado da infecção respiratória que o deixou internado por mais de dez dias.
Os médicos disseram que ele está bem, mas preferiam que ficasse em repouso até a total melhora.

Colaborou o Banco de Dados.

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