São Paulo, sábado, 27 de dezembro de 1997 |
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'Advogado do Diabo' derruba o bom Al Pacino
MARCELO REZENDE
Em uma manhã no tribunal, depois de mais uma vitória, é procurado por um homem que lhe oferece um emprego em Nova York, ofertando-lhe luxo e fortuna. Em um primeiro momento, parece que estamos diante de um filme no estilo "Wall Street", em que haverá pecado e punição motivados pela oferta e risco do livre mercado. Mas a coisa muda assim que conhecemos o novo patrão de nosso inocente advogado. Um homem rude e refinado; libertino e misterioso de forma provocadora. Esse quase clichê de um magnata (interpretado por Al Pacino) é que transforma o filme: abandonamos as finanças e a ética e encontramos a religião. Ele, na verdade, é o diabo. Logo, já estamos oscilando entre "O Exorcista" e "O Bebê de Rosemary". Não se trata de uma metáfora. Pacino veste negro, cospe fogo, tem falas que parecem extraídas de programas religiosos feitos para a TV e insiste -seu "achado"- em uma risada constante que deveria, ao menos em teoria, ser perversa. "Advogado do Diabo" é, enfim, uma bobagem. Um cinema moralmente barato, pois não é uma produção simples e eficaz, que honrosamente procura o grande público e suas necessidades de ação e divertimento, nem um trabalho com um pouco mais de ambição, capaz de avançar no já conhecido, apresentar algo essencial em um tema muitas vezes visto e trabalhado. Tudo o que ele é capaz de nos dar são momentos de constrangimento. A todo instante, não importa o que estamos assistindo, nos sentimos desconfortáveis com a presença de Pacino. Ele salta, ataca e manipula o mundo, mas tudo o que conseguimos pensar é: o que um ator raro faz em um filme como esse? Ao menos por enquanto, nada se sabe. O que existe é a desconfiança de que alguém mais do que um jovem advogado foi corrompido pelo dinheiro e tudo o que ele pode oferecer. Filme: Advogado do Diabo Produção: EUA, 1997 Direção: Taylor Hackford Com: Keanu Reeves e Al Pacino Quando: hoje, às 21h30 (pré-estréia) Onde: Belas Artes-Cândido Portinari, Eldorado 6, Morumbi 6, Lar Center 1 e Aricanduva 1 Texto Anterior: Chileno veicula canções no ônibus Próximo Texto: Termina hoje "Brasil Aventura" Índice |
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