São Paulo, sábado, 27 de dezembro de 1997
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'Heróis' têm homenagens

DO "LIBÉRATION"

"Disponível para servir." Era esse o significado original das iniciais DPS, que depois passaram a representar "Departamento de Proteção e Segurança", o serviço de ordem da Frente Nacional. No imaginário guerreiro da Frente Nacional, o DPS ocupa um lugar privilegiado. Pequeno exército simbólico da sociedade "lepenista", a organização defende a FN contra as agressões dos "inimigos do movimento nacional". Seus quadros se conferem títulos militares (coronel, capitão) e são condecorados pelo próprio Le Pen com "flâmulas de honra" por seus atos de bravura.
Em 1986 o DPS tomou o lugar da DOC (Defesa e Organização de Comícios). Para garantir a proteção de grandes manifestações, o DPS reforçou seus efetivos com "suplentes" tirados dos meios skinheads.
Colocado sob a autoridade direta de Le Pen, a primeira missão do DPS foi a obtenção de informações, especialmente as internas, sobre recrutados que vinham de partidos tradicionais de direita. "Le Pen precisava ter certeza da fidelidade desses quadros, cujo passado desconhecia", explica um membro da FN.
Em maio de 1994, Le Pen confiou a direção do DPS a Bernard Courcelle, com o status de "encarregado de missão e responsável pela segurança". Desconhecido nas fileiras da extrema direita, esse ex-capitão, instrutor de pára-quedismo até 1985, foi diretor de segurança da empresa de armamentos Luchaire e do Museu d'Orsay. "Limpei o serviço de segurança, expulsando todos os carecas", conta.
O DPS é altamente hierarquizado e se divide em seis grandes zonas. Seus responsáveis incluem 22 secretários-gerais, que, por sua vez, supervisionam 95 responsáveis departamentais. As qualidades exigidas para os candidatos ao DPS são: "Senso de dever e disciplina, disponibilidade, cortesia e firmeza", resume o jornal interno da Frente Nacional, "France d'Abord" (A França em Primeiro Lugar).
Segundo seu comandante, o DPS "pode ajudar, mas jamais acobertar seus homens quando cometem uma besteira". Ele afirma que não recruta ex-presidiários, moradores dos asilos, frequentadores de estandes de tiro ou funcionários de empresas de segurança. "Jamais apelamos para empresas de segurança. Os membros do DPS são todos voluntários, de ficha policial totalmente limpa, que se contentam em garantir a segurança em nossas manifestações. Nós nos restringimos ao perímetro permitido pela prefeitura, normalmente salas e estacionamentos. De maneira alguma substituímos as forças da ordem."
Oficialmente os integrantes do DPS são estritamente proibidos de portar armas. "Não fornecemos nada, mas escudos de proteção e bombas de gás lacrimogêneo são vendidos livremente e muita gente tem", reconhece Courcelle.
O comandante Courcelle deixa claro: "Nós apenas nos defendemos. Nunca atacamos as reuniões dos outros. Se quiséssemos, poderíamos bagunçar os comícios de tal maneira que eles não poderiam mais fazer nenhum".

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