São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 1997
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Crise não altera posição de FHC na corrida ao Planalto

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL

O favoritismo do presidente Fernando Henrique Cardoso para as eleições de 1998 não foi abalado nem pela crise asiática e suas repercussões no Brasil nem pela perspectiva de um aumento do desemprego. É o que revela pesquisa do Datafolha feita entre os dias 15 e 17 de dezembro.
A vantagem do presidente, conforme os três diferentes cenários propostos na pesquisa, oscila de 12 a 15 pontos percentuais, sempre sobre Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o seu rival mais forte.
É a mesma diferença, descontada a margem de erro própria desse tipo de pesquisa (dois pontos percentuais para mais ou para menos), que FHC tinha no levantamento anterior, feito dia 16 de setembro -antes, portanto, do agravamento da crise asiática, que forçou o governo a duplicar a taxa de juros, no final de outubro.
FHC derrota Lula por 35% a 20%, quando os demais nomes são os de Paulo Maluf (10%), José Sarney (10%), Ciro Gomes (6%) e Enéas (3%).
Lula reduz a diferença (para 12 pontos), quando saem Ciro Gomes e Sarney e entram Itamar Franco (11%) e Roberto Requião (3%). Esse cenário, apesar de tecnicamente impossível porque os dois últimos são do PMDB, permite analisar a evolução da intenção de voto de ambos.
Quando os pesquisadores tiraram Maluf, o cenário mudou pouco: FHC ficou com 36%.
Em qualquer dos cenários, FHC seria obrigado a disputar um segundo turno, já que seus votos não superam a soma dos votos dos demais candidatos. Ainda assim, obteria a reeleição com folga.
Lula continuaria sendo o rival mais duro: perderia de FHC por 18 pontos percentuais (52% x 34%).
A maior vantagem para FHC, em um eventual segundo turno, seria contra Ciro Gomes (35 pontos). Maluf seria derrotado por margem algo menor (29 pontos), ao passo que Itamar Franco perderia por 53% a 27% ou 26 pontos.
Mas, ao contrário do que ocorreu em relação às intenções de voto para o primeiro turno, num hipotético segundo turno cai a diferença entre FHC e Lula, na comparação com setembro. Três meses atrás, FHC tinha 55%, e Lula, 32% -uma diferença de 23 pontos.
Há um ano, idêntica pesquisa registrava uma diferença ainda mais substancial entre o presidente e Lula: 59% contra apenas 31%.
Como é natural em um levantamento feito tanto tempo antes da eleição e sem que os candidatos estejam definidos, é elevadíssimo o número dos que não citam espontaneamente um candidato.
Nessa situação, 51% dizem não saber o seu candidato e mais 11% respondem "em branco/nulo/nenhum". Ou seja, dois de cada três eleitores pesquisados não têm ainda um candidato firme.

A pesquisa do Datafolha é um levantamento por amostragem estratificada por sexo e idade com sorteio aleatório dos entrevistados. O conjunto da população com mais de 16 anos é tomada como universo. Nessa pesquisa foram ouvidas 13.437 pessoas em 374 municípios de todos os Estados do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos dentro de um intervalo de confiança de 95%.

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