São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 1997
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A casa de quem faz casas

CLEIDE FLORESTA; ROSANA DE VASCONCELLOS
DA REPORTAGEM LOCAL

ROSANA DE VASCONCELLOS
Conforto, espaço ou design. O que buscam as pessoas que vivem de construir casas quando têm de escolher suas próprias moradias?
Seis conceituados arquitetos ouvidos pela Folha mostram que a resposta varia de caso para caso. Guilherme Paoliello e Elsa Wolters, por exemplo, optaram por viver em um imóvel projetado por eles mesmos. "Eu moro em um lugar muito conhecido meu, muito íntimo", diz Wolters.
Joaquim Guedes, Jorge Elias e Arthur Mattos Casa têm em comum o fato de morarem em imóveis com uma grife de peso.
Guedes mora em um apartamento projetado por Rino Levi (1901-1965). Elias vive em um prédio assinado por Jacques Pilon (1905-1962). Arthur Mattos Casa comprou uma casa que foi projetada por Vilanova Artigas (1915-1985).
Marcelo Suzuki mostrou ser o mais despojado. Em lugar de uma casa com projeto seu em região mais periférica, ele optou por morar na região central de São Paulo, em um prédio anônimo, mas nem por isso com menos charme.
A maioria elege a simplicidade no lugar do luxo e prefere o rústico aos ornamentos. Nesse quadro se encaixa o arquiteto premiado e professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP -Universidade de São Paulo) Joaquim Guedes.
Há 20 anos ele vive em um apartamento de 160 m2, aparentemente simples, na avenida 9 de Julho, zona sudoeste de São Paulo.
O aparentemente se aplica porque quem assina a construção é um dos principais modernistas brasileiros, o arquiteto Rino Levi, que entre os anos 40 e 60 desenvolveu importantes trabalhos.
O imóvel é marcado por vigas e pilotis aparentes. Tem ainda uma das mais belas vistas da cidade, a do Jardim Europa.
Alheio aos "cenários", como define os objetos ornamentais, Guedes também descarta a possibilidade de decorar seu apartamento. "Minha casa é um convento, e quero me sentir bem."
Perfeccionista, o imóvel vem ao encontro do seu ideal arquitetônico. Segundo o próprio arquiteto, uma boa construção é orientada pela paisagem -tem vista e recebe sol o dia inteiro.
Aliás, esse foi o motivo que o levou a modificar o apartamento. Como sentado não conseguia olhar a janela e ver a paisagem, ele subiu um pouco o piso.
Para o pé-direito (distância entre o piso e o teto) não ficar muito baixo, acabou tirando o forro.

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