São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 1997
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Endereço junta escritório e residência

DA REDAÇÃO

Nem grife, nem glamour. Na hora de decidir onde morar, o arquiteto Marcelo Suzuki, 41, optou por ficar na região central de São Paulo, em um apartamento alugado de 200 m2, em lugar de procurar uma área para projetar sua casa.
"Não acho que ter uma casa isolada em um lote é que vá me deixar feliz", diz ele, que juntou seu endereço comercial ao residencial, em um prédio com três blocos e 12 apartamentos, no bairro da Bela Vista, do qual é o único morador fixo -os demais apartamentos são ocupados por escritórios, empresas ou moradores esporádicos. "Eu moro no escritório", resume.
O prédio, segundo ele, foi construído em 1947, dentro da concepção italiana, o que inclui um "cortili" (espécie de pracinha frontal, ao redor da qual estão dispostos os três blocos), que lhe garante uma árvore a "invadir" a varanda.
Como o apartamento pertence a um amigo, Suzuki recebeu autorização para fazer modificações no imóvel. Derrubou duas paredes para criar uma sala ampla para abrigar o escritório, mudou o teto (que ficou com estrutura aparente). Manteve os azulejos da cozinha (que tem um detalhe curioso: o teto também é azulejado) e a banheira original.
Na sala/escritório, ele mantém duas pranchetas que ganhou da arquiteta Lina Bo Bardi, com quem trabalhou por mais de 11 anos.
Ele diz estar satisfeito onde mora. "Fiquei amigo de quase todo mundo na rua. E tem a Vai Vai (escola de samba), um bom local para tomar uma cerveja no domingo à tarde", completa.
Ele diz que seu sonho é comprar o apartamento onde mora e alugar o de baixo para instalar o seu escritório.
Grife
Na outra ponta, o arquiteto Jorge Elias, 39, fixou residência num apartamento em um edifício projetado por Jacques Pilon na década de 40, em Higienópolis, também região central de São Paulo.
Lustres, cortinas, obras de arte e ornamentos fazem referência ao estilo clássico italiano que tanto inspira o arquiteto.
"Gosto dos objetos italianos do século 18. Morei na Itália e por isso recebi muita influência."
A opção por esse imóvel, segundo ele, foi porque a construção sempre o agradou. "O Pilon tem um bom senso estético e um estilo neoclássico."
No apartamento de 800 m2, vivem Elias, sua mulher e os dois filhos. Ele conta que manteve a originalidade do imóvel, apesar de pequenas adaptações na cozinha e a construção de mais banheiros.
Quanto à decoração, ele diz ter "acontecido". Colecionador de peças de arte -principalmente italianas e francesas do século 18-, é possível encontrar no imóvel de Miró a Granato.

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